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A cada semana, pelo menos 2 casos de violência contra criança são registrados

Cindy Santos

| Edição de 18 de maio de 2022 | Atualizado em 18 de maio de 2022
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Levantamento do serviço de escuta especializada aponta que, neste ano, 41 crianças e adolescentes sofreram algum tipo de violência em Apucarana, o que corresponde a a mais de duas vítimas por semana. O que mais choca neste dado preocupante é que a violência sexual representa mais da metade das ocorrências: 51,2%. O relatório repassado à Tribuna pela Vara da Infância e Juventude informa que a agressão física corresponde a 12 denúncias (29,2% do total) e a violência psicológica 8 (19,25% do total). Os dados foram divulgados ontem, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

A pesquisa foi realizada com base nos encaminhamentos feitos pelo Conselho Tutelar ao serviço de escuta especializada, entre janeiro a 20 de abril, com vítimas com idades entre 0 a 17 anos. Esse serviço passou a ser realizado no final de setembro do ano passado, com o atendimento de 32 casos até o mês de dezembro. E chama atenção o volume de denúncias em apenas três meses.

Com relação aos casos registrados no ano passado, novamente a violência sexual corresponde a maior parte, com 20 denúncias (62,5%). Em 17 casos o agressor era uma pessoa do convívio da vítima, em geral, padrasto e avô. Nos casos de violência física foi recorrente a presença de violência psicológica, sendo os pais e padrastos os principais agressores.

A juíza da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Apucarana, Carolline de Castro Carrijo, considera os índices altos e alarmantes. Segundo ela, só foi possível de coletador os dados após a instauração de uma comissão de enfrentamento à violência. As denúncias chegam por toda a rede de proteção - escola, delegacia e Conselho tutelar - e são encaminhadas as autoridades. Já a escuta é realizada por psicólogos. “Toda rede de proteção tem obrigação de comunicar sobre a violência e as vítimas são encaminhadas até essa escuta”, explica.

O percentual de violência sexual chama atenção por ser mais mais elevado, no entanto, a juíza observa que as outros tipos de violência - física e psicológica - geralmente são banalizadas pela sociedade e, portanto, dificilmente são levados ao conhecimento das autoridades.

“A violência sexual geralmente é praticada na maioria das vezes por familiares como padrasto, avô, irmão e genitor”, conclui a magistrada.

DENÚNCIA

A garantia do sigilo é, muitas vezes, fator essencial para que o cidadão denuncie um crime. Em casos de abuso sexual de crianças e adolescentes, em que o abusador muitas vezes é alguém próximo da família ou até mesmo um familiar, o sigilo pode ser determinante. Por isso o Paraná possui o Disque Denúncia 181, uma ferramenta efetiva no combate à criminalidade.

O secretário da Segurança Pública, Wagner Mesquita, reforça a importância de os paranaenses denunciarem o crime e por meio do 181, de forma totalmente anônima e sigilosa.

“O 181 é uma forma de ligação direta entre população e forças policiais, que permite também a integração

entre os órgãos de segurança. Com as denúncias recebidas pelo canal é possível dar andamento direto aos crimes, encaminhando para os órgãos competentes, para que eles possam atuar de maneira efetiva nas investigações criminais”, afirmou o secretário.

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Apucarana discute ações de combate

Ontem, Dia Nacional de Combate à Violência e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, a Macrorrede de Proteção às Crianças e Adolescentes de Apucarana realizou uma mesa de debate sobre o tema no Cine Teatro Fênix com a presença de diversas autoridades para discutir ações de combate a esse tipo de violência.

O prefeito, Junior da Femac participou da abertura do evento e falou sobre a importância de dar visibilidade à causa. “Discussões como esta são importantes para que os agressores percebam que a comunidade está vigilante e as vítimas saibam que estamos unidos para defendê-las”, disse.

Para a chefe do escritório regional da Secretaria de Estado da Justiça, Família e Trabalho (SEJUF), Márcia Sousa, a violência contra as crianças e adolescentes sempre existiu, mas ganhou corpo e forma durante a pandemia de COVID-19. “As crianças e os adolescentes ficaram confinados em suas casas por quase dois anos, muitas vezes enfrentando agressores. Isso fez com que o problema se agravasse. Como agentes públicos, nós somos responsáveis pela política de atendimento às vítimas e por garantir um futuro digno a elas”, afirmou.