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Caso Jéssica vai a júri popular nesta terça-feira em Apucarana

Vanuza Borges

| Edição de 05 de março de 2017 | Atualizado em 04 de março de 2017

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Depois de três anos, nove meses e vinte e sete dias, Bruno José da Costa, 29 anos, Célia Forte, 50, e Bruno César Albino, 23, vão se enfrentar no banco dos réus na próxima terça-feira no Fórum da Comarca de Apucarana. Os três são acusados de homicídio qualificado pela morte de Jéssica Carline Ananias da Costa, de 21 anos. O crime, que aconteceu na madrugada do dia 9 de maio de 2013, chamou a atenção na época não só pela violência, mas pelo envolvimento da mãe da vítima, Célia Forte, que é apontada como coautora do homicídio e amante do genro, que confessou ter matado a esposa a facadas. O casal de amantes, de acordo com o Ministério Público (MP), praticou o crime contando com a participação de Bruno Cezar Albino, que também responde por homicídio qualificado. Com três defensores diferentes – um para cada réu –, a estima é que o júri deve demorar em torno de 20 horas.

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Segundo a acusação do Ministério Público (MP), Célia e Bruno Costa eram amantes há cerca de quatro anos e arquitetaram juntos o plano para eliminar Jéssica Ananias, esposa e filha dos envolvidos. A Promotoria sustenta que o planejamento do crime começou em fevereiro e os últimos detalhes foram acertados uma semana antes pelo casal em um motel em Londrina. Dois dias antes do assassinato, Bruno e Célia se encontraram mais uma vez em uma praça em Arapongas, onde teriam checado, mais uma vez, os detalhes da execução de Jéssica, como a simulação de um assalto.
Jéssica era casada com Bruno Costa há seis anos. O casamento aconteceu após a gravidez da jovem. Na época do crime, a filha do casal tinha seis anos. Na noite do assassinato, de acordo com informações que constam na denúncia do MP, Bruno levou a menina até a casa da sogra em Arapongas. O motivo alegado para a esposa e para o cunhado, que morava com os pais na cidade vizinha, seria uma viagem ao Paraguai.
Na denúncia, consta que os denunciados premeditaram o homicídio e, para tanto, tentaram simular a ocorrência de um latrocínio. Bruno Costa foi o executor crime. Ele usou uma faca para matar a esposa. No laudo de necropsia constam mais de 30 facadas, sendo doze somente na região do coração, algumas com cortes que variam entre 30 a 40 centímetros.
Após a execução do crime, segundo o MP, Bruno Costa tentou forjar a cena do homicídio para latrocínio, com a ajuda de Bruno Albino, que receberia
R$ 400. Bruno Albino é acusado de ter ido até residência do casal na madrugada do dia nove de maio para retirar o carro do casal, roupas, a faca, entre outros objetos, que foram colocados dentro de uma bolsa, do local do crime. O veículo foi abandonado na entrada do João Paulo. O corpo de Jéssica foi encontrado no banheiro da residência do casal. Já Bruno Costa, após o crime, algemou as próprias mãos e os pés com lacres plásticos de segurança.
A polícia, no entanto, desconfiou da versão dos fatos e, após depoimento, horas após o crime, Bruno acabou confessando ter sido o autor do crime. Ele foi preso ainda durante o flagrante. A participação de Bruno Albino foi descoberta no mesmo dia, após o réu ligar para a polícia e confessar participação nos fatos. Durante a investigação, a suspeita em torno da participação de Célia Forte aumentou e ela acabou sendo presa 15 dias após o crime. Ela nega qualquer participação no crime e admite apenas o envolvimento amoroso com o genro, que seria forçado por ele. Os três réus tentaram habeas corpus, que foram negados pela Justiça. Célia Forte e Bruno Albino estão detidos no Minipresídio de Apucarana. Já Bruno Costa está preso na PEL 2, em Londrina.

Sentença deve sair de madrugada

O tribunal do júri tem início as 7h30 será presidido pelo juiz da 1ª Vara Criminal, Oswaldo Soares Neto, que adianta que os 150 lugares disponíveis poderão ser ocupados por qualquer pessoa. “Os lugares serão ocupados por ordem de chegada. Achamos que essa é a forma mais justa, porque se houvesse distribuição de senha antecipada alguém poderia se sentir prejudicado”, diz.
Serão reservados lugares apenas para os familiares dos réus. “Nós recebemos diversas ligações pedindo informações sobre o caso tanto da imprensa, de estudantes de direito e do público em geral”, afirma.
Diante da expectativa maior de público, a rua em frente ao Fórum, Travessa João Gurgel de Macedo, será fechada como medida de segurança. “O fechamento ocorrerá simplesmente pela segurança do público, e não por causa dos réus”, frisa o juiz. 
A expectativa é que a sentença seja dada entre o final da noite de terça-feira e início da madrugada de quarta, em tempo estimado de 20 horas. A sessão será aberta ao público, como de praxe, após o sorteio dos jurados.
Durante o processo, houve tentativa da defesa de Célia Forte de desmembrar o julgamento, o que foi negado junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ela é defendida pelo advogado José Teodoro Alves. Já Bruno Costa é defendido pelo advogado Heitor Cazionato Possani. A reportagem entrou em contato com a defesa na semana passada para comentar o caso, mas não houve retorno. Já a defesa de Bruno Albino está a cargo da Defensoria Pública.