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Sobram vagas de emprego na construção civil da região

Aline Andrade

| Edição de 04 de outubro de 2022 | Atualizado em 04 de outubro de 2022
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na construção civil da região

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O bom momento vivido pela construção civil em toda a região escancara um problema cada vez maior: a falta de mão de obra especializada para o setor. Em Arapongas, empreiteiras estão com dificuldades para contratar profissionais, cada vez mais escassos no mercado. Sindicalistas do setor avaliam que em médio prazo, haverá um apagão completo de profissionais especializados para a construção civil. Atrair jovens e formar mão de obra é desafio para o setor público e privado.

De acordo com a coordenadora da Agência do Trabalhador em Arapongas, Queli Cristina Mira, são oferecidas diariamente cerca de 30 vagas para os mais diferentes ofícios no setor, todas sem adesão. Além disso, o município tenta formar novos profissionais, porém, não há procura para os cursos. “Temos duas empreiteiras com construções em andamento na cidade oferecendo vagas diariamente, mas não temos trabalhadores interessados. São vagas para maiores de 18 anos, com salários acima do mínimo, mas mesmo assim, não há interesse. Faz dois meses que estamos tentando fechar uma turma para formação de novos profissionais na área, mas não apareceram interessados o suficiente para darmos início às aulas também”, informou a coordenadora.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias, Construção e Mobiliário de Arapongas (STICMA) Carlos Roberto da Cunha, avalia que profissões como pedreiro, armador, carpinteiro, eletricista, entre outras, especializadas dentro da construção civil, devem desaparecer em médio prazo. Ele afirma que a falta de trabalhadores já prejudica o andamento de obras na cidade. “Sabemos de prédios na cidade tocando a obra com metade da mão de obra necessária, em alguns casos, empresas estão trazendo trabalhadores do norte e do nordeste para suprir a demanda. O problema disso tudo é que não há interesse dos mais jovens para assumir esses postos de trabalho. Em pouco tempo, alguns profissionais não vão mais existir no mercado” avaliou.

Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Norte do Paraná (SINDUSCON) Sandro Nóbrega, a formação de novos trabalhadores para o setor é um desafio para o setor público e privado. “Existe um programa de capacitação desenvolvido pelos sindicatos e pelas construtoras, mas é necessário também, um envolvimento dos municípios, através de suas secretarias ligadas à empregabilidade, para oferecer qualificação profissional. Nos últimos anos, este tipo de trabalho evoluiu muito com a tecnologia e já não é mais tão pesado quanto foi antigamente. Além disso, o salário médio da construção civil hoje é de R$3.500, uma boa remuneração com farta oferta de emprego, justamente para atrair novos profissionais para o setor”, considerou.


Apagão’ começou durante a pandemia

Muitas empresas da área de construção civil de Apucarana estão dispensando novas obras por conta da dificuldade de contratar funcionários. É o caso da construtora da apucaranense Taís Hidalgo, que atua na administração de projetos imobiliários. 

“É um problema sério, realmente. Estão faltando desde serventes, pedreiros, pintores, eletricistas até mestre de obras”, revela. Segundo ela, muitos trabalhadores decidiram atuar por conta própria, gerando “apagão” nas empresas. 

Taís cita que esse fenômeno começou durante a pandemia de covid-19, quando muitas pessoas decidiram reformar seus imóveis. “Aconteceu que muita gente não foi viajar ou não trocou de carro e, por isso, decidiu reformar a casa ou algum cômodo. Muitos pedreiros foram trabalhar por conta própria para atender a esse público”, afirma. Ela acrescenta que há também muitos relatos de migração para fábricas de confecção. 

A Agência do Trabalhador de Apucarana, por exemplo, ofertava 22 vagas na área da construção civil ontem. São oportunidades de pedreiro e servente, entre outras específicas para o setor. 

Neno Leiroz, chefe da Agência do Trabalhador de Apucarana, confirma que houve um “aquecimento” com abertura de novas vagas. Segundo ele, as oportunidades nessa área cresceram a partir de agosto. “É uma tendência que deve seguir agora no final do ano”, diz. 

O chefe da Agência do Trabalhador afirma que as pessoas que têm procurado pelas vagas estão conseguindo emprego com carteira assinada. Ele diz que o órgão está fazendo uma busca ativa para localizar esses trabalhadores e preencher as vagas abertas. (FERNANDO KLEIN)


Futuro é tecnológico

Para o engenheiro civil Luis Antônio Rodrigues, a falta de profissionais especializados no mercado da construção, deve levar o setor cada vez mais a utilizar a tecnologia para a fabricação de pré-moldados e construções pré-fabricadas. “Já existe um déficit importante de trabalhadores. Muitos estão se aposentando ou partindo para outras profissões e não há quem os substitua. São pedreiros, encanadores, eletricistas, e vários outros. A tendência é que o setor sobreviva substituindo nos canteiros de obras alguns trabalhadores por construções pré-fabricadas, industrializadas, como já acontece em muitos países”, avaliou.