BISPO DOM CARLOS JOSÉ

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Todos já fomos nascituros

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| Edição de 08 de outubro de 2025 | Atualizado em 08 de outubro de 2025

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Eu te chamo pelo nome, és meu” (Is 43,1). Deus conhece cada um de seus filhos! Somos únicos, não há um sequer que seja desconhecido para o Criador. A Palavra mesmo afirma: “Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? E, mesmo que ela o esquecesse, eu não te esqueceria nunca.” (Is 49,15).

Chamamos de nascituro a vida humana que está sendo gestada no ventre materno. A partir da concepção, dos primeiros instantes, há vida e alma, e esta vida é tão sagrada quanto a nossa. É imprescindível que nós, como sociedade que nos compreendemos desenvolvida, entendamos que a criança no ventre materno não se trata de alguém que pode ou não vir ao mundo, mas que são seres tão humanos quanto nós, que já estão vivendo dentro do ventre de suas mães, já foram geradas, e estão se formando, crescendo e vão deixar o aconchego materno e vir a este mundo para viver aqui fora, como nós vivemos.

O nascituro é tão ser humano como nós. São amados por Deus, desejados por Ele, assim como nós fomos também desejados um dia e formados no ventre de nossa mãe, segundo o desejo do Pai. O nascituro não tem voz própria, mas tem direitos a serem preservados por todos! Vivemos em uma sociedade que, pasmem, defendem tantas causas e não valorizam a vida no ventre materno. Luta-se tanto por direitos e tira-se o direito à vida de indefesos!

Já fomos nascituros e hoje temos a obrigação de defender a vida desde sua concepção até o seu fim natural. Deus não nos fez descartáveis, ao contrário, tem para cada um de nós um propósito, uma missão singular. Tanto que, para isso, não nos fez iguais uns aos outros, mas nos criou semelhantes a Ele mesmo: na bondade, na capacidade de amar e servir, de construir um mundo fraterno onde todos tenham vida em abundância.

Nesta Semana Nacional da Vida, somos chamados a cuidar: de nós mesmos, do próximo e da criação como um todo. Cuidar como Deus cuida de nós a todo instante.

A vida é um dom, um presente Divino. Deus não nos joga nesse mundo, nascemos como uma pequena semente que se une, germina, toma forma no corpo da mulher e ali vive, se alimenta, respira, cresce e se desenvolve até que tenha condições de sair e viver a missão. Jesus, embora sendo Deus e tendo sido concebido pelo Espirito Santo, sem ação humana, foi gestado no ventre de uma mulher, a Virgem Maria. Ele, o Verbo Encarnado foi um nascituro como nós, para nos mostrar que toda vida, toda gestação tem algo de Divino. Do início ao fim, da concepção até a morte natural, o direito à dignidade e o respeito à vida humana não pode ser tirado ou negado a ninguém! De Deus viemos, a Ele pertencemos e a Ele voltaremos. Enquanto a vida humana valer menos que as demais espécies e o homem se colocarem no lugar de Deus, decidindo quem merece viver, continuaremos sendo, entre todas as criaturas, as mais dignas de pena. Que a Senhora de Lourdes nos faça enxergar a vida de todos como um dom a ser cuidado desde a concepção até o seu fim natural.