COLUNA DA TRIBUNA

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“Cabeça de burro”

Da Redação

| Edição de 31 de outubro de 2024 | Atualizado em 31 de outubro de 2024

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Os mais velhos conhecem bem esse folclore de que quando uma coisa não ia para frente em determinada situação, só podia ter “cabeça de burro” enterrada no local. Em Apucarana, parece mesmo ter uma cabeça de burro enterrada na cidade, se a gente olhar e comparar o passado com a época de hoje. Um exemplo de valor: em 1970, praticamente ao mesmo tempo, surgiram em Apucarana a Canorpa e a Coamo, em Campo Mourão. A Canorpa nasceu mais forte que a Coamo. Hoje, a Canorpa deixou de existir há muitos e muitos anos, enquanto a Coamo se tornou a maior cooperativa da América do Sul, com faturamento acima dos R$ 30 bilhões, gerando, só em Campo Mourão, mais de 2 mil empregos diretos. Isso, sem falar da antiga Upaleite, que chegou a ser uma das mais importantes usinas de pasteurização de leite do Paraná, recebendo até prêmio por produzir um dos melhores queijos provolones do Estado. Tem ou não “cabeça de burro” enterrada em Apucarana?...

“Homens laranjas?”

Alguns partidos que não conseguiram eleger vereador nas eleições de outubro em Apucarana estão ingressando ou vão ingressar com ações na Justiça Eleitoral para derrubar vereadores considerados eleitos, sob o argumento do uso de candidatas mulheres “laranjas” para compor a chapa. O critério adotado pelos postulantes para ajuizar as ações é o número de votos obtidos pelas mulheres. Há de fato no Podemos duas mulheres que fizeram apenas um voto, uma delas nem em si sequer votou. Mas se esse parâmetro for adotado há também “homens laranjas”. No PDT teve candidato homem que fez apenas 8 votos, o mesmo acontecendo no Democracia Cristã onde um cidadão fez apenas 6 votos. Muito menos que algumas mulheres candidatas. É “laranjice” ou são mesmo ruins de voto? Fica a pergunta no ar.

Adan aceitou urnas

Em duas eleições seguidas, 2016 e 2020, o agora eleito vereador Adan Lenharo (DC) teve que amargar derrota para uma vaga na Câmara Municipal de Apucarana, mesmo fazendo em ambas eleições um pouco mais de 1.500 votos. Nas duas eleições teve vereador eleito com menos votos que Adan, dentro das regras estabelecidas pela Justiça Eleitoral. Nem por isso, o empresário Adan Lenharo fez qualquer gesto para ganhar uma cadeira na Câmara Municipal recorrendo à Justiça. Aceitou o resultado das urnas e a legislação que regula as eleições proporcionais. Agora, em sua terceira tentativa de se eleger vereador e fazer quase dois mil votos, ele tem sua eleição contestada na Justiça por suposto uso de candidatas mulheres “laranjas” em seu partido, o Democracia Cristã. Ontem, ao tomar conhecimento da iniciativa do PSD, Adan reagiu dizendo apenas acreditar na Justiça.

Risco no Podemos

A se confirmar na Justiça Eleitoral que o Podemos em Apucarana usou mesmo de artifício de candidatura mulher “laranja”, para driblar o cumprimento de cotas femininas na chapa de candidatos a vereador, os dirigentes do partido local podem sofrer sérias consequências. Alguns dos comandantes da sigla partidária na cidade são funcionários públicos e professores. A perda da função pública poderia ser uma das punições. Como o Podemos não elegeu nenhum vereador, que tipo de punição poderia ser aplicado ao partido a não ser punir seus dirigentes? É o que indagou ontem um advogado falando em tese, até porque não tem conhecimento da ação que tramita na Justiça Eleitoral. Essa coisa de supostas candidatas “laranjas” ainda vai dar o que falar.

Também perderam

Não foi apenas o deputado federal Beto Preto, entre os mais chegados ao governador Ratinho Junior, que perdeu a eleição de prefeito em sua cidade. Outros deputados, como Sandro Alex e Marcelo Rangel, de Ponta Grossa, tiveram uma derrota muito maior. Marcelo disputou diretamente a Prefeitura e nem conseguiu chegar ao segundo turno. Guto Silva, secretário do Planejamento, também saiu derrotado em sua cidade, Pato Branco, e o líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Hussein Bakri, não conseguiu emplacar seu candidato em União da Vitória. Essas derrotas não podem ser imputadas ao governador e, à exceção de Ponta Grossa, nem aos próprios parlamentares e secretários de Estado. Os candidatos apoiados é que tiveram desempenho ruim nas urnas.