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‘Desafios’ preocupam pais e educadores

Da Redação

| Edição de 23 de fevereiro de 2020 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Após viralizar recentemente na internet, uma “brincadeira” tem preocupado pais e educadores. Como o nome “quebra-coquinho” ou “brincadeira da rasteira”, a prática consiste em duas pessoas darem uma rasteira em uma terceira, que fica no meu da fileira, e que cai de costas no chão. O resultado do “desafio” pode machucar gravemente o cérebro ou a coluna cervical, causando até a morte. 

Essas brincadeiras estão cada vez mais comuns e se espalham com rapidez pela internet, preocupando os pais de crianças e adolescentes, como é o caso da auxiliar administrativa Ana Paula Cavalaro, de Apucarana. Ela é mãe da estudante Ana Júlia, 9 anos, que recentemente fez uma campanha junto das amigas Geovana Amaro Leal dos Santos e Isabelli Vitória Lázaro, 9 anos, para que as “brincadeiras” acabem. “Fiquei apavorada ao ver esse desafio na internet. Corri para orientar minha filha sobre os cuidados e que ela não deve participar, nem incentivar esse tipo de ‘brincadeira’”, conta. 
Outra mãe que está preocupada com os desafios, é a dona de casa Vanessa Daiane Amaro Leal dos Santos, mãe de Geovana. “Desde a primeira vez que vi o vídeo fiquei preocupada, pois com a internet esses vídeos viralizam rápido demais. Nunca aconteceu algo parecido com a Geovana na escola, mas sempre alerto ela a não fazer nada desse tipo e se vê algum amigo fazendo avisar a direção. Não podemos ser omissos diante dessas ‘brincadeiras’”, ressalta. 
A assessora de gabinete Cristina Viviane Correa, mãe de Isabelli, acredita que a internet influencia e dissemina essas “brincadeiras” rapidamente, se tornando uma agravante. “As crianças não sabem o quanto é perigoso praticar esses desafios. Graças a Deus isso nunca aconteceu com a gente, mas sempre oriento minha filha e ela me conta tudo. Somos melhores amigas”, reforça.

“É necessária a conscientização”, diz psicóloga 
De acordo com a psicóloga Rayssa Nogueira, de Apucarana, estas “brincadeiras” perigosas, que são divulgadas na internet e praticadas principalmente no ambiente escolar, atraem os adolescentes que buscam desafios, emoções e têm a ilusão de que estão no controle da situação. “Influenciados pela internet e por seus ídolos digitais passam a praticar as ditas ‘brincadeiras’ não medindo as consequências, que podem ser desde um acidente ou até levar à morte. É necessário desconstruir que isto é uma brincadeira, pois não é”, alerta. 
Segundo a profissional, a adolescência é uma fase de mudanças físicas, psicológicas e sociais. “Na transição da infância para a idade adulta o indivíduo que é vulnerável sente a necessidade de ser pertencente a um grupo e nisto pode acabar topando participar destes desafios, seja para ser aceito, para ficar popular ou evitar ser vítima de bullying”, complementa. 
Ainda para Rayssa, é necessária a conscientização do que está por trás destes desafios, diferenciar o que é bom do que não é, praticar a empatia. “Ao saber colocar-se no lugar do outro podemos imaginar o sofrimento que ele poderá sentir e assim evitar uma situação grave. Os jovens precisam estar mais conscientes e ter mais cuidado com suas vidas, para isto é preciso um trabalho de pais, educadores e sociedade. A prevenção está no diálogo e conhecimento deste mundo digital que eles têm acesso, explicar os riscos e apontar os tipos de brincadeiras que realmente convém”, reforça.