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O que é o transtorno de aprendizagem?

da redação

| Edição de 23 de janeiro de 2019 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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O transtorno de aprendizagem pode afetar a vida não só na escola, mas nas relações com familiares, amigos e no local de trabalho. Quem explica mais sobre o assunto é o psicólogo Gleyson Reis, de Apucarana. “O transtorno de aprendizagem é quando o indivíduo, em testes padronizados e individualmente, apresenta resultados substancialmente abaixo do esperado para sua idade e experiência. O cérebro está a todo momento desempenhando funções executivas e cognitivas”, esclarece.  

Desde o momento em que acordamos até a hora de dormir, segundo o psicólogo, o cérebro permanece atento e ligado no planejamento de nossas ações e na elaboração de objetivos a serem alcançados durante todo o nosso cotidiano. Essa elaboração chamamos de funções executivas. “Os problemas relacionados à aprendizagem interferem significativamente no rendimento escolar ou nas atividades da vida diária que exigem habilidades de leitura, escrita ou matemática”, reforça. 

Segundo Gleyson, desmoralização, baixa autoestima e déficits nas habilidades sociais, podem estar associados aos transtornos de aprendizagem. “O transtorno de aprendizagem na fase adulta pode acarretar para o indivíduo dificuldades significativas no emprego, no ajustamento social e, em alguns casos, muitos indivíduos apresentam transtorno de conduta, transtorno desafiador e de oposição, déficit de atenção/hiperatividade”, explica. 

Com base no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5 (DSM-V), o psicólogo diz que a origem do transtorno de aprendizagem está no aspecto biológico, por se tratar de um transtorno do neuro-desenvolvimento. “É interessante reiterar que a origem inclui também uma interação de fatores genéticos, ambientais e epigenéticos, o que influencia a capacidade do cérebro para processar ou perceber as informações, tanto verbais como não-verbais”, complementa. 

Quando o indivíduo apresenta o transtorno de aprendizagem, ainda de acordo com o profissional, isso ocorre desde os primeiros anos de vida, entretanto, pais, professores, só conseguem perceber nos anos de alfabetização, pois a maioria dos testes psicométricos seus protocolos podem ser aplicados em crianças com mais de seis anos. “Mas é interessante observar alguns fatores no desenvolvimento da criança, como por exemplo, a demora na aquisição da linguagem e no desenvolvimento motor”, explica. 
Os indivíduos com tal dificuldade, segundo o psicólogo, podem apresentar comportamento agressivo, hiperatividade, inquietação, impulsividade, irritação, dificuldades de concentração, esquecimento constante e falta de atenção. Também é perceptível uma desmotivação nas atividades escolares. O desinteresse, que muitas vezes é confundido com preguiça, e rebeldia, mas na verdade é a dificuldade em aprender que faz com que as atividades escolares não sejam interessantes para as crianças.

Sobre como identificar o transtorno de aprendizagem, Gleyson diz que é melhor pecar pelo excesso do que pela negligência. “Sendo assim, qualquer comportamento diferente que a criança demonstrar no período de alfabetização é interessante investigar”, ressalta. Um dos fatores que impedem o diagnóstico, de acordo com o profissional, é o despreparo de professores e a falta de conhecimento dos pais. “Em muitos casos a criança é vista como preguiçosa, rebelde, bagunceira, mas o que não é observado são as dificuldades apresentadas na aquisição da aprendizagem. Se a criança estiver demorando para ler, escrever, ou apresentando atrasos no desenvolvimento neuro-psicomotor, é importante que os pais procurem especialistas para que se faça uma avaliação para tal fim”, acrescenta.