A culpa pelas crises vivenciadas pela economia brasileira nos últimos 40 anos é do próprio governo. Também podemos personificar essa culpa nos agentes políticos que estiveram no comando do país nesse período. Infelizmente, essa prática ecoou para os municípios brasileiros. A estratégia principal desses agentes políticos foi (e ainda é) vender uma narrativa de que com a ampliação dos gastos públicos, sem preocupação com o equilíbrio fiscal, é possível alavancar o desenvolvimento econômico. Isto foi copiado por estados e municípios que se levaram pelas ações do governo federal, como se fosse a sua estrela guia, a sua Aldebaran.
Aldebaran é a estrela mais brilhante da constelação de Touro e sempre foi um ponto de referência no céu noturno, guiando navegadores e curiosos. Sua luminosidade constante contrasta com a escuridão se destacando em meio ao caos. No Brasil, entretanto, Aldebaran poderia ser uma metáfora para a ilusão fiscal que brilha intensamente nas promessas políticas, mas que, quando observada de perto, revela um vácuo de soluções reais para os desafios econômicos do país.
As correntes ideológicas que defendem a ampliação do espaço fiscal para gastos públicos são como seguidores de um falso Aldebaran. Elas acreditam que, ao aumentar os gastos públicos, resolverão problemas históricos sem considerar o desequilíbrio monetário que essa estratégia provoca. O Brasil insiste em um ciclo vicioso de crises ao tentar privilegiar o fiscal sem antes estabilizar o monetário. É como querer construir um prédio de vários andares em um terreno arenoso, sem alicerces sólidos.
A culpa dessas crises não está em fatores externos ou em inimigos invisíveis, mas no próprio governo e em seus agentes políticos. São eles que, movidos por interesses eleitorais e visões de curto prazo, adotam medidas populistas, elevam gastos sem critério e negligenciam o impacto dessas decisões sobre a sustentabilidade fiscal. Esse é um problema que transcende partidos e ideologias, sendo uma constante na história da administração pública brasileira.
E não se trata de uma prática exclusiva do governo federal. Estados e municípios também sofrem do mesmo mal. Basta olhar para os incontáveis municípios em condições financeiras precárias. Essas localidades são vítimas da gestão irresponsável de prefeitos que, ao longo dos anos, priorizaram obras eleitoreiras, aumentaram a folha de pagamento com cargos comissionados e gratificações e definiram despesas que em nada contribuíram para a melhoria da qualidade de vida dos munícipes. O resultado é um círculo vicioso de dívidas e serviços públicos de baixa qualidade.
O ano de 2025 marcará o início de um período desafiador para as finanças públicas brasileiras. As crises fiscais serão frequentes, reflexo de décadas de má gestão e de um modelo de Estado que gasta muito e gasta mal. O abrandamento dessas crises não ocorrerá com soluções mágicas ou com mais endividamento. A verdadeira saída exige coragem para fazer aquilo que, no Brasil, parece um tabu: cortar despesas públicas desnecessárias e revisar as vinculações constitucionais que engessam o orçamento.
Reduzir gastos não significa enfraquecer o Estado, mas torná-lo mais eficiente. Trata-se de eliminar desperdícios, focar em políticas públicas que gerem resultados concretos e criar um ambiente favorável para o crescimento econômico sustentável. Aldebaran continuará brilhando no céu, mas cabe aos gestores brasileiros escolherem se querem seguir uma luz verdadeira ou se preferem se perder na escuridão das ilusões fiscais.