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Idosa admite candidatura“laranja” e pode mudar eleitos em Apucarana

Da Redação

| Edição de 10 de março de 2025 | Atualizado em 10 de março de 2025

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A candidata a vereadora do Democracia Cristã (DC), Shirley Olivieri, de 66 anos, que fez 17 votos na eleição de outubro de 2024 em Apucarana, admitiu em depoimento prestado ao juiz eleitoral Rogério Tragibo de Campos e ao promotor eleitoral Gustavo Marcel Fernandes Marinho que não fez campanha política e que sua candidatura foi solicitada pelo partido com a promessa de que ela “não precisava fazer nada” em termos de campanha política.

O depoimento foi prestado no âmbito da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) protocolada em 13 de novembro de 2024 na Justiça Eleitoral de Apucarana pela candidata a vereadora pelo PT, Damarli Guarnieri, apontando fraude na cota de gênero na disputa eleitoral de 6 de outubro. Além de Shirley, a ação aponta fraude na cota de gênero de outra candidata do DC, que fez 13 votos.

Caso o juiz anule os votos do DC e determine a retotalização, haveria uma mudança de cadeiras no Legislativo. Segundo fontes ligadas ao processo ouvidas pela reportagem, sairiam Adan Lenharo (DC), Luciano Facchiano (Agir) e Luiz Vilas Boas (PDT), com as entradas de Odarlone Orente (PT), Lucas Leugi (PSD) e Pablo da Segurança (Cidadania).

No depoimento que a Tribuna teve acesso, quando questionada se tinha alguma intenção em concorrer, a idosa disse que “não” e acrescentou. “Tanto é que quando foi pedido isso aí (para concorrer a vereadora), foi falado para mim que eu não precisava fazer nada, eu não sabia de nada, não precisava fazer campanha, nada”, disse a candidata. “Nem para vizinho eu pedi (voto)”, disse.

Ela afirmou ainda que não entregou “santinho”, tampouco para familiares, e que não fez campanha sequer no prédio dela. “Ninguém sabia ali (da candidatura)”, reforçou. Questionada porque então concorreu, ela disse que foi influência de um primo e que nem sabia que era filiada no primeiro momento. Shirley disse também que a candidatura foi uma “burrada”. “Eu deveria ter falado um não. O meu primo mandou a minha filha entrar em contato e pegar os meus documentos para ver se eu era filiada em algum partido, que não era para me preocupar que era uma coisa simples, passou alguns dias fui saber que era candidata. Meu marido que autorizou e foi falar comigo. Até deu briga em casa, porque eu nunca quis”, disse.

Ela também afirmou que foi obrigada a gravar um vídeo dizendo que sabia da candidatura. Quando questionada se as respostas daquela oportunidade eram verdadeiras, ela disse que não. “Tanto é que eu falei para minha filha, a hora que chegar na frente do juiz, eu vou falar a verdade, jamais eu quis prejudicar ninguém, eu não sabia de nada”.

Depoimento gerou surpresa, diz advogado de vereador

O advogado Guilherme Gonçalves, que representa o vereador Adan Lenharo (DC) na ação, disse que a defesa foi surpreendida pelo depoimento da candidata Shirley Olivieri (DC). “Na verdade, o depoimento dela surpreendeu porque se revela contraditório com tudo que foi apurado no processo. Inclusive, a forma como a candidatura dela foi construída. Então, ainda que ela se confesse uma candidata fraudulenta, os demais elementos dos autos, sobretudo as provas documentais e testemunhais, corroboram que ela aceitou claramente ser candidata, que tinha consciência de que era candidata e que, inclusive, teve campanha a seu favor”, diz o advogado.

Ele afirma que Adan Lenharo não teve nenhum envolvimento nessa situação. “O depoimento dessa ex-candidata revela que, se houve alguma fraude, decorreu exclusivamente da responsabilidade dela e, eventualmente, de sua família, pois ficou claro que ao menos seu marido e sua filha tinham absoluta ciência que a candidatura dela fora articulada para ser de verdade. Ela mesma confessou que vários parentes seus fizeram campanha a seu favor, bem como que compareceu, no mínimo por duas vezes, ao comitê político do então candidato Recife (ex-candidato a prefeito de Apucarana)”, diz o defensor.