BISPO DOM CARLOS JOSÉ

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Penitência: encontrar Deus, que já vive em nós

Da Redação

| Edição de 19 de março de 2025 | Atualizado em 19 de março de 2025

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"Ó Pai, restitui-me a alegria da salvação e sustentai-me com uma vontade generosa” (Sl 50, 14).

Irmãos e irmãs, a palavra ‘penitência’ tem dois sentidos distintos e ao mesmo tempo, inseparáveis: temos a virtude da penitência e o Sacramento da Penitência. Ambos são caminhos para um retorno à graça do Pai. Sabemos que o Sacramento da Reconciliação ou Penitência se refere à confissão sacramental, quando eu reconheço que preciso do sacerdote, para obter o perdão de Deus.

Já, a virtude da penitência é um exercício interior que exige decisão e esforço: decidir-se a mudar comportamentos e esforçar-se para que isso aconteça. A prática da virtude penitencial auxilia o domínio de nossos instintos para alcançarmos a liberdade do coração. Essa decisão requer um olhar para si mesmo, um olhar sincero que mostre o que nos é necessário corrigir.

Fazer penitência é disciplinar-se em relação ao que somos e ao que Deus quer que sejamos, e isso requer um esforço e uma entrega. Esforço para cumprir os votos que fizemos e entrega a Deus de tudo o que fazemos como exercício penitencial! NoTempo Quaresmal, quando se fala sobre jejum, penitência e oração, o primeiro impulso humano é dizer: Jesus não quer que soframos.

Realmente, Jesus não quer nosso sofrimento e sim a nossa conversão. É certo que o que nos separa ou nos distancia do amor de Deus é o pecado. Também é certo que já fomos salvos pelo sacrifício de Cristo na Cruz. A vitória já foi alcançada por Cristo e a nós, cabe tomarmos posse dessa Vitória. Portanto, se salvos por Cristo e separados Dele pelo nosso pecado, só há um caminho: examinar o nosso interior para, consequentemente ‘tirar o lixo’ que nos torna impuros. E é aqui, no momento em que nos avaliamos e encontramos o abismo da separação, que entra a decisão de nos esforçarmos para voltarmos ao Cristo.

O que nos falta para chegarmos mais perto de Cristo? Penitência Quaresmal significa fazer mais para Deus em detrimento do que fazemos por nós. O deixar de comer ou beber algo que nos agrade ao extremo, ou deixar algo que nos dá prazer e oferecer esse ‘deixar de’ para honra e gloria de Deus é ‘penitenciar-se do prazer próprio para glorificar, com meu sacrífico, a Deus Pai.’ As práticas penitenciais, por mais simples que sejam, são um reeducar-se nas posturas e atitudes que temos, isso é conversão.

Se deixar de fazermos algo que nos dá prazer é difícil, lembremo-nos de Jesus Cristo na Cruz e sua Mãe, aos pés dela! A penitência interior é um caminhar rumo à salvação, através da misericórdia de Deus, que nos reergue e nos abre o coração para recebermos toda Graça que há Nele. Pensemos: Cristo se doou inteiramente por nós; o que estamos doando, interiormente, a Ele?