Com o intuito de impulsionar a integração comercial entre Brasil e Índia, empresários, diplomatas e representantes governamentais dos dois países se reuniram nesta segunda-feira (7) para explorar oportunidades de parcerias. O Fórum Econômico Brasil–Índia, realizado em paralelo à Reunião de Cúpula do Brics, ocorreu em homenagem à visita do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, ao Brasil.
O evento, que teve como palco o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, contaria com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Contudo, Lula cancelou sua participação devido a compromissos em Brasília, onde receberá o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, nesta terça-feira (8) no Palácio do Planalto.
Oportunidades de Mercado
Com a Índia assumindo a presidência do Brics no próximo ano, o país asiático foi destaque na programação do evento. Foram identificadas 385 oportunidades para produtos brasileiros no mercado indiano, abrangendo setores como combustíveis minerais, máquinas e equipamentos de transporte, artigos manufaturados, produtos químicos e óleos animais e vegetais.
O Fórum Econômico Brasil–Índia foi promovido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Câmara de Comércio Índia–Brasil (CCIB) e a Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da Índia (FICCI).
Investimentos e Parcerias
Na abertura do fórum, Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, destacou que o Brasil se tornou um dos principais destinos de investimentos estrangeiros, enquanto a Índia, que superou a população da China em 2023, oferece oportunidades para produtos brasileiros.
“No caso da Índia, não teremos outra oportunidade tão grande como esta, porque a relação entre os dois países não tem conflitos, são países amigos e gigantes territorial e populacionalmente. O comércio bilateral, que hoje gira em torno de R$ 12 bilhões, é ainda muito pequeno diante desse potencial, especialmente porque nossa balança é concentrada em poucos produtos. Há, portanto, um enorme espaço para crescimento em ambas as direções”, disse Viana.
Conselho Empresarial
Ricardo Alban, presidente da CNI, ressaltou a complementaridade das economias brasileira e indiana.
“Temos muitas demandas em comum com relação à cana-de-açúcar, ao açúcar e ao etanol. Podemos, juntos, ser protagonistas no fornecimento de combustível sustentável de aviação para o mundo. Eu entendo que, na evolução das relações bilaterais ou multilaterais, quem vai sair na frente é quem busca a complementariedade e não a competição entre si”, declarou Alban.
Durante o encontro, a CNI e a Federação das Câmaras de Comércio e Indústria Indianas anunciaram que vão trabalhar para a criação do Conselho Empresarial Brasil–Índia. A entidade terá a missão de promover o diálogo entre empresários e governos e formular propostas conjuntas que melhorem o ambiente de negócios e incentivem o comércio e os investimentos bilaterais.
Modelo de Desenvolvimento
Márcio Elias Rosa, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), afirmou que os dois países podem colaborar na busca por um novo modelo de desenvolvimento, que contemple o desenvolvimento sustentável, baseado na economia verde, digital e na inclusão social.
“O Brasil possui um vasto mercado interno, um parque industrial resiliente e uma diplomacia econômica ativa. Ao setor produtivo, não faltam competência e capacidade; ao governo federal, não faltam disposição e compromisso com uma política externa que gere oportunidades, integração e justiça social”, declarou Rosa.
Segundo Rosa, Brasil e Índia podem intensificar parcerias em segmentos como máquinas e equipamentos, fertilizantes, biofármacos, economia digital, economia circular e transição energética.
Multilateralismo e Desenvolvimento Sustentável
Laudemar Aguiar, secretário de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia, Inovação e Cultura do Ministério das Relações Exteriores, destacou que o fórum visa consolidar uma agenda bilateral autônoma que considere o peso político do Brasil e da Índia, com ênfase no multilateralismo e no desenvolvimento sustentável.
“Em um cenário de mudanças geopolíticas e econômicas aceleradas, é essencial fortalecer os laços entre duas democracias vibrantes do Sul Global que compartilham aspirações por desenvolvimento com justiça social, maior protagonismo nas instâncias internacionais e inserção soberana nas cadeias globais de valor. A cooperação entre nossos países não é apenas estratégica, ela é necessária para a construção de uma ordem internacional mais equitativa, inclusiva e sustentável”, destacou.
Dados Econômicos
Embora a Índia seja a quinta maior economia do mundo, foi apenas o 13º maior destino das exportações brasileiras em 2024. No mesmo período, o país asiático foi a sexta maior origem das importações brasileiras.
O principal produto exportado pelo Brasil para a Índia em 2024 foi o açúcar, mesmo com a tarifa de 100% no mercado indiano devido à alta competitividade internacional do produto brasileiro. Em relação às importações, o Brasil adquiriu principalmente compostos organo-inorgânicos e medicamentos, devido à prevalência do país asiático na indústria farmacêutica.
Em termos de investimentos diretos, que geram empregos, a Índia investiu US$ 2,93 bilhões no mercado brasileiro em 2023. O país foi apenas o 28º no ranking de investimentos estrangeiros no Brasil. No mesmo ano, o estoque de investimentos brasileiros na Índia somou apenas US$ 41,21 milhões, ocupando o 63º lugar no ranking.
Com informações da Agência Brasil