Produtores rurais de Novo Itacolomi, no Vale do Ivaí, calculam um prejuízo de R$ 2,7 milhões causado pelo temporal com granizo que destruiu lavouras no mês passado. Se somado aos danos provocados pela forte geada, o valor será ainda maior, estima o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná). Contudo, o prejuízo total ainda está sendo levantado.
A banana foi a cultura mais prejudicada, com perdas estimadas em R$ 1,5 milhão em área plantada de aproximadamente 70 hectares. “O vento e a chuva de granizo causaram perdas significativas em 25% da produção e a geada afetou muitas áreas, mas ainda estamos preparando um levantamento”, reitera Emerson Almeida, técnico do IDR.
Novo Itacolomi é o segundo maior produtor do fruto do Paraná, com 465 hectares de área plantada. Segundo Almeida, os estragos causados pela geada ainda não foram calculados, mas devem pressionar ainda mais o preço, visto que outras regiões produtoras do país também foram prejudicadas pelos fenômenos climáticos. “Vai aumentar o preço devido à diminuição de produção no norte do Paraná e São Paulo”, analisa.
Na propriedade do agricultor Claudemir Araújo, o temporal ocorrido em 4 de junho não causou estragos significativos. Contudo, a geada registrada em 25 de junho destruiu uma plantação de 6 alqueires de banana. O produtor tem seguro e afirma que não terá prejuízo, mas deixará de lucrar R$ 110 mil com a venda das frutas. “A geada foi muito forte, chegou a queimar o cacho ensacado. A fruta não consegue madurar, fica dura como pedra, não tem como ir para o mercado. Mas pelo menos o custo o seguro vai cobrir”, comenta.
Araújo tem outra plantação de banana cultivada em uma área mais alta que não foi tão prejudicada pela geada, porém os frutos ficaram amarelados. “Já passei por isso umas três vezes durante os 16 anos que trabalho com banana. Em novembro não haverá produção de banana em Novo Itacolomi e os compradores terão que buscar na região norte. Então a fruta vai chegar cara aqui na região”, acredita.
Além da banana, produtores de Novo Itacolomi também tiveram prejuízo estimado em R$ 549 mil com as lavouras de milho. Outra culturas como goiaba, fumo, verduras e feijão também foram atingidas. Somam-se ao prejuízo calculado até o momento, os estragos causados em edificações rurais durante a chuva de granizo, que danificou mangueiras, aviários e galpões.
Perdas também em Apucarana
O agricultor Everson Alves Monteiro, de Apucarana, integra um grupo de produtores de banana que cultivam o fruto em 25 hectares plantados em diferentes áreas do município. Segundo ele, nas áreas mais altas os danos causados pela geada foram mínimos, em áreas médias as perdas chegam a 30% e em áreas de baixada, as perdas atingiram 100%.
“O prejuízo varia de acordo com a localização da plantação. Alguns produtores tiveram sorte e não perderam muito, enquanto outros que têm plantações em baixadas, como no Rio Pirapó, por exemplo, perderam quase tudo”, explicou.
Segundo ele ainda é muito cedo para calcular o prejuízo em dinheiro, mas os reflexos da geada já podem ser percebidos na qualidade e no preço dos produtos. “É certo que os preços começarão a aumentar. Mesmo nas áreas onde não houve perdas na produção, o clima frio impactou significativamente na qualidade da fruta”, afirma.
O Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado (Seab) confirmou que prepara um levantamento geral sobre as perdas na área de Apucarana.