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Preço do café dispara nos mercados e não deve dar trégua

Louan Brasileiro

| Edição de 17 de janeiro de 2025 | Atualizado em 17 de janeiro de 2025

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O cafezinho pesando cada vez no bolso do consumidor. O preço do café moído teve um aumento de 40% em 2024, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A escalada do preço está colocando os consumidores em alerta e exigindo alternativas para driblar a alta.

Segundo o gerente de compras Adriano Estevan Zalilio, que trabalha em uma rede de supermercados, nos dois últimos anos, o custo da mercadoria subiu uns 80% no varejo. “Neste último ano a alta foi em torno de 50%”, detalha.

Segundo ele, um dos reflexos do aumento é a redução das vendas. “Com essa alta, a demanda caiu uns 20% na venda de café. Vendemos mais em valor, mas caiu o número de consumidores”, conta.

Diante desse cenário, muita gente tem trocado de marca para poder economizar. A auxiliar de produção Adriana Gonçalves Soares, por exemplo, já trocou de marca três vezes nos últimos meses. “O preço subiu demais, as marcas que antes eram as mais baratas agora estão com o preço quase igual ao das marcas mais caras. Dá uma diferença na qualidade de uma marca para a outra, o jeito é pesquisar e tomar menos café”, brinca.

A aposentada Roseli Vieira também reclama da alta. “Está abusivo mesmo. Eu comprava a R$15 direto do fornecedor e esta semana paguei R$23. Para nós, que somos acostumados com o nosso cafezinho, fica muito difícil”, enfatiza.

O técnico em automação João Batista acredita que o preço está relacionado à baixa mão de obra no campo “Ninguém quer mais trabalhar na roça, então o preço sobe mesmo. Mas eu não fico sem o meu café”, diz.

Para o fisioterapeuta Leonardo Saito, o café é apenas um dos produtos em alta “Eu tenho reparado que as coisas estão cada vez mais caras no supermercado, mas, como o café já faz parte da nossa vida, não dá para deixar faltar”, pondera.

Mercado internacional pressiona cotação do produto

A alta do café vem mesmo do cenário do campo e essa é uma tendência que deve perdurar e continuar impactando no preço no varejo. O técnico agrícola Marco Antônio Cazini Sanches, do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) de Apucarana, afirma que essa alta não acontece apenas no Brasil, mas é um fenômeno internacional resultado de uma seca no Vietnã, país responsável pela produção mundial de quase 50% do café conillon e também do café robusta.

“O Vietnã passou por uma seca severa nos últimos tempos, então o preço do café acabou subindo, pois não tem o café conillon em grande estoque. Isso reflete no mercado internacional, pois a produção do conilon é baixa nos demais países. Esse cenário, segundo especialistas, deve permanecer ao menos por mais dois ou três anos”, diz.

O preço do café conillon e do café robusta são fatores fundamentais no preço para o consumidor final, pois essas duas espécies de café, originárias da África e da Ásia, são a principal matéria-prima dos cafés comerciais, sendo mesclados com o café arábica, que é produzido no Brasil.

“A empresa que trabalha com café coloca 70% do café conillon ou robusta e mistura com mais 30% do café arábica, fazendo um blend que é vendido para o consumidor final”, afirma Cazini.

Se para os consumidores o cenário não é bom, para os produtores de café da região, o cenário é positivo. “O preço da saca do café arábica está saindo a R$2.100 atualmente, então a gente tem orientado o produtor a adubar bem a lavoura para continuar rendendo um bom montante”, destaca o técnico agrícola.