No último compromisso de Nísia Trindade como ministra da saúde (leia matéria na página 3), ela anunciou, junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem, em Brasília, a produção - em larga escala - da primeira vacina 100% nacional e de dose única contra a dengue. Atualmente, o esquema de vacinação em vigor prevê duas doses com intervalo de três meses entre as aplicações e as vacinas são direcionadas para aplicação em crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos.
A previsão é que, a partir de 2026, sejam ofertadas 60 milhões de doses anuais, com possibilidade de ampliação do quantitativo conforme demanda e capacidade produtiva.
“A gente espera, em dois anos, poder vacinar toda a população elegível [de 2 a 59 anos]”, disse a ministra, durante cerimônia no Palácio do Planalto.
“Por enquanto, os idosos ainda não poderão tomar a vacina porque, quando as vacinas são testadas, há sempre um cuidado com a população idosa”, explicou Nísia, ao se referir às fases de testes clínicos de imunizantes.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda avalia o pedido de registro do imunizante, feito pelo Instituto Butantan em dezembro de 2024. Há cerca de duas semanas, a agência solicitou mais informações e dados complementares sobre a vacina e informou que foi concluída, de forma antecipada, a análise de dados de qualidade, segurança e eficácia apresentados.
Segundo o governo federal, a partir de uma parceria entre o Instituto Butantan e a empresa WuXi Biologics, a produção em larga escala da vacina 100% nacional e de dose única contra a dengue se dará por meio do Programa de Desenvolvimento e Inovação Local do Ministério da Saúde, já aprovado e em fase final de desenvolvimento tecnológico.
Sob a coordenação do ministério, por meio do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, o projeto contou, ainda, com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no financiamento da pesquisa clínica.
“O Ministério da Saúde entrará com o poder de compra”, destacou a ministra, ao citar a visita de uma equipe da pasta à China para “assumir o compromisso que, de fato, haverá essa compra pelo governo federal”.
“Com isso, teremos a possibilidade de vacinar a população brasileira dentro da faixa que for recomendada pela Anvisa para a dengue, um fato único no mundo até agora”, acrescentou.
O investimento, segundo Nisia, é de R$ 1,26 bilhão. Também estão previstos R$ 68 milhões em estudos clínicos para ampliar a faixa etária a ser imunizada e incluir idosos, além de avaliar a coadministração da dose contra a dengue com a vacina contra o Chikungunya, também desenvolvida pelo Instituto Butantan.
PREVENÇÃO
Ainda de acordo com o governo federal, a vacina segue como prioridade no enfrentamento à dengue no país. Entretanto, até que a vacinação em massa aconteça, a orientação é manter o reforço de ações de prevenção, vigilância e preparação da rede de assistência.
Na área da 16ª RS, 77% das vacinas entregues foram aplicadas
Na região de Apucarana, a procura pela vacina tem sido regular. Mais de 77% das vacinas contra a dengue encaminhadas para a 16ª Regional de Saúde (RS) já foram aplicadas no público alvo.
Dados repassados pela regional apontam que, até 9 de fevereiro, os 17 municípios da área de abrangência receberem 15.395 doses do imunizante, com 11.916 aplicações. “Os municípios de maneira geral estão fazendo sua parte. É um esforço conjunto, vacinas, testes rápidos, conscientização e prevenção”, reforça o chefe da 16ª RS, Lucas Leugi.As doses são direcionadas para aplicação em crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos.
Conforme o Ministério da Saúde, doses próximas da data de vencimento poderão ser aplicadas em faixas etárias estendidas ou remanejadas para municípios ainda não contemplados pela vacinação. Na 16ª RS, entretanto, as vacinas só vencerão em dezembro de 2025.