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Demissões voluntárias chegam a 40% dos desligamentos na região

Da Redação

| Edição de 11 de março de 2024 | Atualizado em 11 de março de 2024

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A cada cinco demissões registradas no ano passado na região, duas foram voluntárias, feitas a pedido do funcionário. Dados extraídos da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e Cadastro de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que dos 49,4 mil trabalhadores em sistema CLT desligados, 19,6 mil pediram demissão, o que equivale a 40% do total. Esse tipo de desligamento cresceu 6,7% entre 2022 e 2023 nos 27 municípios: do Vale do Ivaí mais Arapongas. 

Os dados foram tabulados pelo curso de Economia da Universidade Estadual do Paraná (Unespar). Dos 49,4 mil trabalhadores em sistema CLT desligados em 2023, cerca de 23,5 mil foram desligados sem motivo legal, o que corresponde a 47% do total de demissões, enquanto pouco mais de 6 mil (12%) tiveram seus contratos encerrados no período. 

O economista Rogério Ribeiro, professor da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), campus de Apucarana, responsável pela pesquisa, acredita que os principais fatores para o crescimento das demissões voluntárias estão relacionados à mudança de ramo ou atividade com maior remuneração. “Também há muitas empresas que estão migrando sua mão-de-obra de funcionários com registro formal para Microempreendedores Individuais (MEIs). Também podemos considerar trabalhadores insatisfeitos com as atividades exercidas ou com a remuneração”, analisa o economista. 

Angela Mathias trabalha no setor de recursos humanos de uma concessionária de Apucarana e comenta que no ano passado as poucas demissões voluntárias registradas pela empresa tiveram a mudança de atividade como pano de fundo. “Teve funcionário que se formou e passou a atuar na sua área de formação. A questão salarial também costuma ser um dos motivos dos pedidos de demissão”, assinala.

De acordo com a especialista, também há a busca por empresas que ofereçam mais benefícios mesmo que o salário seja o mesmo. “As pessoas estão em busca de qualidade de vida e optam por empresas que oferecem plano de saúde, vale alimentação, refeição e incentivos para bolsa de estudo”, afirma.

Escolaridade pode influenciar demissões

As demissões voluntárias também podem ter relação com o aumento no nível de escolaridade dos trabalhadores. “Na média dos trabalhadores, temos um nível de escolaridade com melhoria contínua ao longo dos últimos anos”, assinala o economista Rogério Ribeiro. A melhoria de nível de instrução amplia as possibilidades de empregabilidade do trabalhador. 

Dos 49,4 mil trabalhadores desligados no ano passado, mais da metade - 29,1 mil - têm ensino médio completo, 5,2 mil têm ensino médio incompleto, 4,2 mil superior completo e 2,3 mil superior incompleto. 

Segundo o Caged, o setor que mais demitiu no ano passado foi a indústria, que desligou 18.884 trabalhadores no período, seguido pelo comércio (11,1 mil), serviços administrativos (8,3 mil), entre outros. 

Em todo Brasil, as demissões voluntárias cresceram no Brasil e bateram recorde e chegaram a 7,3 milhões de pessoas em 2023, uma fatia de 34% dos mais de 21,5 milhões de desligamentos registrados. O aumento foi de 7,3% em relação a 2022.