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El Niño causa prejuízos de R$ 48 milhões na agricultura

Cindy Santos

| Edição de 05 de dezembro de 2023 | Atualizado em 05 de dezembro de 2023
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Os eventos climáticos relacionados ao El Niño já contabilizam perdas de R$ 48 milhões para a agricultura da região. Os números, ainda preliminares, foram calculados pelo Departamento de Economia Rural (Deral) dos núcleos regionais de Ivaiporã e Apucarana. As chuvas torrenciais, temperaturas altas e ventos fortes afetaram diversas culturas.

Na área do Núcleo Regional da Seab de Ivaiporã, que abrange 15 municípios, o Deral estima prejuízo em torno de R$ 28 milhões.A produção do trigo foi a mais afetada, com perdas que chegam a R$ 12 milhões. Já o milho segunda safra teve perdas de R$ 8 milhões. Café, hortifrutis, e o plantio da próxima safra também foram afetados pelo clima que causou mais R$ 8 milhões de prejuízos para os produtores.

De acordo com o engenheiro agrônomo Sergio Carlos Empinotti, do Deral, o trigo estava bem desenvolvido, porém, na colheita, o excesso de chuva causou depreciação do grão, que perdeu a qualidade e não deu especificação para a produção de pão, caindo de 20 a 30% o preço. “O milho safrinha já vinha sofrendo, visto que o plantio acabou sendo atrasado na região pelo atraso da colheita da soja e acabou passando por todas essas intempéries, causando redução na produção e na qualidade”.

As chuvas também causaram prejuízos na colheita do café, aproximadamente R$ 1,7 milhão, e no plantio da safra de soja 2023/2024. “Por problemas do clima, o café atrasou parte da maturação que não foi uniforme, secou no ramo e parte ficou verde no ramo e também caiu. No caso do plantio da soja, os prejuízos estão mais relacionados, em algumas propriedades, à necessidade de replantio, com perdas de sementes e também de adubação. Mas, no geral, apesar de todos esses problemas, a soja está desenvolvendo bem. Se o tempo colaborar, a estimativa é que se mantenha a média normal da região de 3,5 mil quilos por hectare”.

A chuva de granizo que também ocorreu em setembro, mais especificamente nos municípios vizinhos de Ivaiporã, causou prejuízos mais significativos em estruturas físicas, como destruição de estufas e aviários, gerando prejuízos estimados em R$ 5 milhões.

APUCARANA

Na região de Apucarana, as perdas são estimadas em R$ 20 milhões, sendo os maiores prejuízos monetários observados entre os produtores de repolho com a perda aproximada de 500 toneladas do produto. Perdas também foram registradas nas lavouras de milho, soja, acelga, alface, couve-flor e couve em folhas, um prejuízo de quase 730 toneladas. 

“A principal causa desse prejuízo foi o excesso de chuvas somado às temperaturas elevadas”, informa Adriano Nunomura, técnico do Departamento de Economia Rural (Deral) de Apucarana.

Perdas devem chegar a R$ 2,5 bilhões no Paraná

Em todo Paraná, a estimativa dos técnicos do Deral é que as perdas financeiras na agricultura chegam a um valor preliminar de R$ 2,5 bilhões. O montante se deve à perda estimada de 1,5 milhão de toneladas em relação às projeções iniciais. Os prejuízos maiores foram observados nas regiões Sul e Sudoeste, embora todas tenham sido atingidas.

O maior prejuízo coube aos triticultores do Estado que estavam colhendo a safra 2022/23. A produção recuou praticamente 980 mil toneladas em relação ao potencial. Com as doenças no período anterior às chuvas e, posteriormente, em razão dessas, a produção caiu para 3,6 milhões de toneladas. A qualidade também decaiu. Considerando os fatores quantidade e qualidade, as perdas dessa cultura se aproximam de R$ 1 bilhão.

O El Niño é um fenômeno climático resultante do aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico. Na região Sul do País, a tendência é a intensificação de chuvas, superiores às médias históricas. 

Cindy Santos e AEN - [email protected]