O clima desfavorável prejudicou a colheita de café na área do Núcleo Regional da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) de Apucarana. Para esta safra, o Departamento de Economia Rural (Deral) estima uma produção final de 1.972 toneladas, uma queda de aproximadamente 57% em comparação com a safra anterior, que fechou com produção de 4.592 toneladas.
De acordo com o técnico do Deral, Adriano Nunomura, diversidades climáticas que incluem estiagem e geadas prejudicaram seriamente o rendimento das lavouras. A produção caiu de 1.794 kg/ha para 850 kg/ha. Houve também redução da área produtiva de 2.560 hectares para 2.320 hectares.
Além dos transtornos climáticos, os cafeicultores ainda precisam lidar com florações atípicas do café. Segundo Nunomura, as floradas para a próxima safra vêm ocorrendo desde o mês de setembro e de forma irregular em muitas lavouras. O técnico avalia que, no geral, a florada atípica atrapalha a colheita devido a desuniformidade do desenvolvimento. Ou seja, alguns grãos estão em ponto de colheita enquanto outros não.
“Inclusive, na semana passada, ocorreu outra florada com boa intensidade na maior parte das áreas da região, o que não é muito comum para esta época”, observa.
Com a colheita do café encerrada em outubro, os produtores passam a focar na próxima safra. E as expectativas são boas. “As condições climáticas, até o momento, têm sido favoráveis para uma boa produção em 2023, recuperando o potencial produtivo da maioria das lavouras em relação à safra deste ano.
PARANÁ
No cenário estadual, a situação é a mesma. O Deral calcula que os produtores retirarão aproximadamente 498 mil sacas na safra 2022. O volume é 40,7% inferior às 841 mil sacas colhidas no ano passado. Esse é um dos dados da Previsão Subjetiva de Safra (PSS) apresentada no começo do mês, que também trouxe informações sobre a eminente finalização do plantio de milho e soja e do quase término de colheita do trigo.
Assim como a produção, a qualidade do café também decaiu. “A formação de grãos menores não é necessariamente sinônimo de qualidade menor, mas neste ano tivemos grãos mal granados, perdeu um pouco o aspecto sensorial da qualidade, a doçura”, explicou o economista Paulo Sergio Franzini, analista de café no Deral. “Não é tão significativo, mas em 2021 tivemos percentual de bebidas melhores, de qualidade bem superior em relação a este ano”.
A mesma situação atingiu os cafés especiais, dos quais o Paraná tem se revelado bom produtor. De acordo com o especialista do Deral, a média crescente era de 15% da produção classificada como especial. “Acreditamos que na safra 2022 esse percentual fique no máximo em 10%”, disse.