Morreu ontem, em Franca, no interior de São Paulo, o padre José Afonso Dé, 82 anos. O religioso estava internado na Santa Casa da cidade há mais de 30 dias com complicações de um câncer de próstata.
O sacerdote atuou em Apucarana na Paróquia Cristo Rei, no Jardim Diamantina, nas décadas de 70 e 80, em um sacerdócio bastante popular. Por muitos anos, a paróquia era chamada como a ‘Igreja do Padre Dé’.
Em Franca, Padre Dé foi denunciado por uma série de ex-coroinhas e respondeu processo criminal por abuso sexual. Ele chegou a ser condenado em primeira instância a 60 anos de prisão por oito casos, sendo o religioso brasileiro com maior condenação criminal pelo crime. Em seis casos, no entanto, ele acabou absolvido e mantinha recurso nos outros dois junto ao STF.
No início deste ano, o caso do padre Dé foi citado na "lista da vergonha" ao final do filme "Spotlight - Segredos Revelados" -, que ganhou Oscar de melhor longa-metragem.
O filme abordava a história de jornalistas do "The Boston Globe" que, em 2002, revelaram como a Igreja Católica acobertou casos de pedofilia nos Estados Unidos.
Mesmo tendo sido condenado, padre Dé recebia, até onde sua saúde permitiu, fiéis que não acreditavam nas acusações que o sacerdote sempre negou ao longo dos anos. A defesa do padre anunciou, inclusive, que avaliava a possibilidade de processar os produtores do filme por conta da citação de seu nome.
Segundo a cúria de Franca, o padre foi afastado das celebrações religiosas da Paróquia desde o surgimento das denúncias, em 2010.
Ele será sepultado hoje, às 13 horas, no Cemitério Santo Agostinho, em Franca.
