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A educação com caminho para a liberdade

Da Redação

| Edição de 09 de fevereiro de 2023 | Atualizado em 09 de fevereiro de 2023

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Mais um ano letivo se inicia e é hora das crianças voltarem para a escolas e colégios. A “normalidade” da rotina se reconstitui na vida de pais, escolas e alunos. Falo por mim, quando digo que as férias é um dos períodos mais mágicos para os pais, pois temos a oportunidade de termos os filhos por inteiro e sermos inteiramente deles. Claro que essa é a minha realidade, pois como professor, temos as férias em comum. O que nem sempre acontece com a maioria dos pais, o que gera uma complicação fora da rotina “normal” do ano todo. 

Acontece que há aqui também um problema. Em muitos casos as escolas se tornam mais do que um espaço de formação de nossos pequenos, mas um local para deixá-los enquanto fazemos as “coisas de adulto”. Mesmo que isso seja subentendido em todos os casos e, mesmo no meu, o que não pode acontecer é se tornar a primeira e mais importante razão para levarmos os filhos para as escolas. Escolas não são depósitos. 

A educação em seu sentido mais amplo, coloca família e escola lado a lado. Nem demais ou de menos, cada um possui um papel fundamental na formação dos pequenos. E quando digo pequenos não me refiro apenas às crianças menores, mas também dos adolescentes, que mesmo grandes (até mesmo maiores que os pais) são ainda infantes e necessitam da presença de todos em seus dias. Não podemos confundir “dar responsabilidades” com acreditar que eles são autossuficientes.

Em determinada época, normalmente entre 10 e 12 anos, os pais consideram que as crianças precisam ter a responsabilidade de fazer tudo sozinhas, tarefas, estudar para provas etc. Eu entendo perfeitamente, dá trabalho, cansa mesmo, mas saibam papais, mamães e responsáveis, não se trata da tarefa, mas do momento. Tendo três filhos, posso afirmar que é quase impossível manter ou ter um momento de dedicação exclusiva com cada um deles, entretanto, é só “quase”, mas não impossível. Se não dedicarmos um momento para eles, em algum momento eles entenderam que não podem contar conosco, ou pior, que não precisam de nós. 

Na adolescência, onde está o meu maior público no colégio, vemos cada vez mais crianças carentes em um lar cheio de amor, mas vazio de presença. Mais uma vez, eu sei que é muito difícil, temos que trabalhar, cuidar da casa, pagar contas, cuidar de nós mesmos e tantas outras coisas. Não digo que devamos fazer o mesmo ritual que fizemos quando tinham cinco ou seis anos, mas ao menos demonstrar interesse pelos seus avanços e frustações, muito além dos resultados de provas e testes. 

Talvez quando nos damos conta, temos um adolescente recluso que não partilha seus sentimentos e vamos os perdendo aos poucos para “amigos” que os entendem, bebidas, drogas e, quando a coisa está feia, para si mesmos. A nossa mente é a melhor e pior amiga, se estamos de bem com ela, tudo caminha bem. Entretanto, quando sentimos algo “diferente” e não temos a sensação de acolhimento, vamos morrendo pouco a pouco, talvez até de fato. É muito mais difícil resgatar alguém da prisão da própria mente, do que não deixá-la chegar lá. E, quando o desespero bate, fazemos tudo aquilo que devíamos ter feito (e muito mais), mas para eles parece forçado e não tem o mesmo efeito. 

Devemos que a educação é o melhor caminho para nossos pequenos, mas ela só será completa se estivermos acompanhando a sua evolução. Lembre-se que nem todos os alunos deverão ser nota cem e merecedores de honra ao mérito, mas se estivermos ao lado deles, perceberão que podem melhorar e, independente dos certificados, merecem o nosso amor. Amor custa tempo, que não volta, que não se repete e não se compra. Nenhum professor, tutor, mentor, psicólogo ou psiquiatra pode substituir a importância do seu “como foi o seu dia?”.