Pensar de forma binária é como tentar ouvir uma grande orquestra com fones de ouvido baratos: você capta algum som, mas sem harmonia, sem o melhor que o espetáculo produz.
A lógica do “serve ou não serve”, “funcionou ou fracassou”, “fica ou sai” seduz. Sim, porque parece simples. E quem está com pressa adora a simplicidade. Mas nesse caso, a simplicidade cobra caro: custa nuance, contexto e inteligência.
Um exemplo indigesto: uma diretora comercial decide demitir um vendedor da equipe porque ele não bateu a meta. Rápido, limpo, objetivo. Só que a área dele estava com sérios problemas logísticos. Os produtos simplesmente não chegavam. Resultado? O substituto fracassou do mesmo jeito. E de quebra, a equipe perdeu confiança. Ela achou que agiu com firmeza. Mas, na verdade, agiu movida por uma séria “miopia profissional”.
Essa é a armadilha da mente binária: confunde pressa com precisão. Em vez de perguntar “o que está por trás desse resultado?”, julga só o que está na frente do nariz. E assim vai plantando decisões pobres em solo seco, esperando que floresçam.
A boa gestão não vive de “ou isso ou aquilo”. Vive de escuta, análise e perguntas bem-feitas. A mente binária fecha portas. A mente estratégica abre janelas.
Então aqui vai um convite elegante e prático: quando estiver diante de um problema — especialmente os que parecem ter apenas duas opções — respire fundo e pergunte com calma e curiosidade: “O que mais eu ainda não percebi aqui?”
Essa simples pergunta é como acender a luz num quarto escuro: você descobre que o monstro era só uma pilha de roupas mal dobradas.
E, entre nós: quem aprende a enxergar o meio-termo, costuma encontrar o melhor caminho. Nem sempre o mais rápido — mas quase sempre o mais sábio.