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Fazer medicina é uma escolha, ser médico é uma missão”

Da Redação

| Edição de 02 de março de 2023 | Atualizado em 02 de março de 2023

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Essa semana eu pude conversar com o médico urologista, Dr. Hélio Kissina, um papo maravilhoso em nosso programa “Bomba no Ar” (toda quarta-feira às 19h, ao vivo pelas redes sociais da TN – já fica a propaganda). Mas quero destacar o final da conversa e o que despertou em mim. 

No final da entrevista, falamos sobre os cursos de medicina e os novos médicos que estão surgindo “na praça”. A falta de empatia e humanidade se tornou uma consequência da busca pelo curso priorizando o status e a ascensão financeira. São jovens que querem se tornar médicos para serem chamados de doutores, mas que são incapazes de tocar seus pacientes e olhar nos olhos daqueles que buscam ajuda. Não são todos e nem sempre, mas são muitos, o que causa um problema que atual e que perdurará por anos. 

Hoje (02) refletia sobre a discussão enquanto observava algumas estudantes que estavam no mesmo local que eu, uma sala de estudo, onde eu preparava cronogramas de estudos para novos alunos do cursinho, enquanto elas ali, em suas baias (termo estranho para uma mesa separada por divisórias para foco total) estudando com suas apostilas e dezenas de anotações. Antes de ir embora, uma delas disse: “eu sou a menina que está há quase cinco anos estudando para passar”. Com 22 anos, essa menina que conheço desde o sexto ano (quando ela tinha 10 anos), tem um sonho de se tornar médica cardiologista, mas quer também experimentar a oncologia. 

Essa menina nem sempre se acha preparada, pois sabe da grande dificuldade que é enfrentar centenas de pessoas  por uma vaga nas universidades públicas de nossa região. Eu que, sem humildade nenhuma, posso afirmar que sou especialista em preparatórios vestibulares, reconheço que ela está pronta, sabe conteúdos, viu e reviu questões, quase as decorou, mas o psicológico a influencia na hora “H”. Ela poderia ter desistido há muito tempo, inclusive já cogitaram se ela não gostaria de fazer um curso “mais fácil”. Entretanto, o que a motiva é algo muito maior. Essa vontade de ajudar o outro, de se dedicar a pessoas que buscam pela cura e o afastamento da morte, a mantém no caminho. 

Disse a ela, que essa fase é só mais uma etapa da longa caminhada. O custo de uma faculdade de medicina (seja ela pública ou privada) é infinitamente menor do que o preço que se paga. Vê-la pagar o preço de horas e horas de estudo, ao lado de suas fiéis escudeiras, recebendo críticas, algumas nem tão boas, conselhos que a desencorajam, abraços que buscam mais consolar do que incentivar... é o que me faz acreditar que ainda há esperança. 

Para você, pequena menina, que espero que leia esse texto (pare de estudar e venha ler o jornal) digo apenas que se você confiasse em você como eu confio, as coisas seriam diferentes. Esse tempo foi necessário, você já economizou um apartamento de luxo com as parcelas de uma faculdade particular (que não poderia pagar) e, em breve, muito breve, estará realizando o seu sonho, que agora também é o meu. Enquanto houver pessoas que sonhem e lutam pelo que realmente acreditam, ainda haverá esperança. O mundo será um lugar bem melhor quando eu puder chamá-la de doutora, pois a humanidade que há em você é o que todos nós precisamos.