Nos últimos anos, a humanidade entrou em estado de alerta em razão do vírus da covid-19. Bem no início acreditava-se que a rotina não seria gravemente impactada, havia uma certa confiança de que seria uma situação passageira e que logo terminaria, mas não foi nem de perto como tínhamos pensado.
A pandemia revelou pontos frágeis em nossa organização social, demostrando que nosso estilo de vida precisava de reajustes, mesmo as vezes tendo resistência para aceitar esse pensamento. As medidas de distanciamento e isolamento social implementadas nos afastaram de parentes e amigos como, por exemplo, fazendo as crianças e adolescentes pararem de frequentar as escolas, deslocando os adultos de seus locais de trabalho ou até mesmo perdendo empregos, dentre muitas outras situações. Concordamos que observamos o mundo se tornar distante e sem contato.
Evitar o contato físico com outras pessoas, em meio à crise pandêmica, foi uma das soluções apresentadas para diminuir o contágio do vírus. Desse modo, passamos a evitar rapidamente o contato direto com o outro nos isolando, mas também nos sentindo isolados. Ao mesmo tempo percebemos novas e outras possibilidades de interação, aproximando aquilo em que sentimos falta: família, amigos, trabalho, escola, diversão, entre outros. Assim, por meio das conexões e das interações digitais, buscamos nos relacionar, deixando o encontro presencial para situações específicas com as devidas medidas de segurança.
O tempo se passou, tivemos que nos adaptar com as tantas mudanças desenvolvendo a nossa resiliência para diversas novas situações. Como muitas pesquisas apontam, o vírus ainda está por aí, mas conseguimos retomar muitas das atividades que fazíamos antes da pandemia e as relações humanas não são mais apenas por telas. Nesse retorno tivemos que redescobrir a nos conectar com pessoas de forma presencial, sem a possibilidade de escapar de expressões e olhares.
Por fim vou referenciar o ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, uma das personalidades mais importantes do século passado que identificou e adotou a filosofia Ubuntu como meio de unir e reconstruir seu país. Exemplo extremamente necessário para o que vivemos e ainda estamos sentindo as consequências. Mandela apresenta que Ubuntu significa “uma pessoa é uma pessoa através de outras pessoas”. Essa filosofia apresenta um grande poder educativo para auxiliar na transformação da realidade por meio da união e da cooperação. No auge da pandemia descobrimos a nos conectar com pessoas e será que, no retorno presencial, redescobrimos a nos conectar com pessoas também?