TIAGO CUNHA

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A cidade como laboratório vivo: design thinking na prática urbana

Da Redação

| Edição de 25 de agosto de 2025 | Atualizado em 25 de agosto de 2025

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Nos últimos anos, um conceito tem ganhado força quando falamos em inovação: o Design Thinking. Essa metodologia surgiu no universo do design, mas rapidamente ultrapassou seus limites originais para se tornar uma forma de pensar e agir em diferentes áreas. Na essência, trata-se de colocar as pessoas no centro do processo de criação, buscando compreender suas necessidades de maneira profunda, testar soluções e aprimorá-las continuamente. É uma abordagem que une empatia, criatividade e experimentação, três elementos fundamentais para transformar realidades complexas, como as das nossas cidades.

Quando aplicado à gestão urbana, o Design Thinking rompe a lógica tradicional de políticas públicas desenhadas apenas nos gabinetes. Ele nos convida a olhar para a rua, a conversar com cidadãos, a viver suas dores e desafios. É nesse ponto que ele se conecta diretamente à inovação urbana: não apenas introduzir tecnologia, mas sobretudo gerar soluções inclusivas, sustentáveis e alinhadas ao cotidiano das pessoas.

Um exemplo recente vem de Criciúma (SC), onde o prefeito decidiu viver por algumas horas como morador de rua. Vestiu-se, caminhou, pediu esmolas, dormiu ao relento e experimentou, na pele, as dificuldades enfrentadas por quem vive em situação de vulnerabilidade. Essa experiência não foi um ato isolado de empatia, mas um exercício prático de Design Thinking: imersão radical na realidade para compreender melhor e, a partir disso, propor políticas públicas mais eficazes.

No cenário internacional, Medellín, na Colômbia, é referência. Durante anos considerada uma das cidades mais violentas do mundo, Medellín passou por uma transformação urbana baseada no diálogo com a comunidade. Projetos como bibliotecas-parque, escolas em áreas periféricas e o sistema de teleféricos integrados ao transporte nasceram da escuta ativa dos cidadãos e da prototipagem de soluções adaptadas às suas realidades.

Outro caso inspirador vem de Barcelona, com o projeto dos Superblocks. A cidade decidiu restringir o tráfego de veículos em determinadas quadras, devolvendo o espaço às pessoas. O desenho não foi feito apenas por arquitetos ou técnicos, mas envolveu moradores em todas as etapas, desde a ideação até os testes práticos. Resultado: ruas mais verdes, maior convivência comunitária e melhor qualidade de vida.

Esses exemplos mostram como o Design Thinking, aliado à inovação urbana, pode gerar impacto real. Ao valorizar a participação social, as cidades não apenas resolvem problemas imediatos, mas também criam uma cultura de corresponsabilidade, fortalecem a democracia e constroem soluções mais duradouras.

A verdadeira inovação urbana não está apenas em adotar sensores inteligentes ou sistemas digitais avançados, mas em reconhecer o cidadão como protagonista. Quando gestores e comunidades caminham lado a lado, testam novas ideias e aprendem com os erros, surgem respostas mais criativas e inclusivas.

Por isso, reafirmo a equação que resume essa visão: Design Thinking somado a Inovação Urbana gera impacto real, inclusivo e sustentável. Esse é o caminho para cidades que desejam não apenas se modernizar, mas também se humanizar.