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Projeto adota jornal impresso como ferramenta pedagógica em Apucarana

Lis Kato

| Edição de 26 de setembro de 2025 | Atualizado em 26 de setembro de 2025

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Em um mundo cada vez mais digital, onde a leitura disputa espaço com a velocidade da internet, uma iniciativa na Escola Municipal Mateus Leme, em Apucarana, está provando que o jornal impresso pode desempenhar um papel fundamental na formação de novos leitores. Batizado de “Ler é Uma Festa”, o projeto idealizado pela professora Miriam Hilário busca, como o próprio nome sugere, transformar o ato de ler em uma celebração.

Miriam Hilário explica que a ideia principal é tirar a leitura da esfera do “dever escolar” para levá-la ao campo do encantamento. “A festa é sempre associada a alegria, encontro, partilha, música, cores e surpresas — e foi essa a inspiração: mostrar que ler também pode ser tudo isso”, conta a professora, que defende o jornal como uma ferramenta crucial nesse processo.

Para Miriam, o jornal impresso oferece uma experiência que as telas não conseguem replicar. “Ele é uma experiência tátil e multissensorial. O barulho das páginas sendo viradas, a textura do papel, o cheiro da tinta; tudo isso cria um vínculo físico com a informação”, afirma. Em sua visão, o jornal impresso estimula uma leitura mais aprofundada, sem as distrações de notificações ou anúncios.

O projeto funciona de forma rotineira na sala de aula. Pela manhã, os exemplares da Tribuna do Norte chegam à escola e ficam disponível para toda a comunidade. À tarde, a “magia acontece”. Um aluno é escolhido para liderar a leitura, e a professora acompanha de perto a oralidade, a fluência e a interpretação. “A seção de esportes é um sucesso, e a curiosidade sobre acidentes e a previsão do tempo também prende a atenção de todos”, diz Miriam.

Ao final da leitura em grupo, um aluno leva o jornal para casa, com a missão de ler com a família. O envolvimento dos pais, segundo a professora, é uma das partes mais gratificantes. “O tempo dedicado à leitura do jornal se transforma em um momento de afeto e conexão. É um tempo de qualidade, algo cada vez mais raro e valioso”, destaca.

O projeto “Ler é Uma Festa” vai muito além de ensinar a ler. Ele trabalha habilidades como protagonismo infantil, educação socioemocional e até noções de educação financeira. Miriam conta que o projeto tem impactado a vida dos alunos e da comunidade de maneira significativa, e o entusiasmo das crianças ao segurar um jornal impresso pela primeira vez é “a maior recompensa”.

O principal desafio para manter o projeto ativo é o financiamento. Miriam custeia os exemplares do jornal com recursos próprios, e seu sonho é que o projeto cresça. “Meu sonho é que o ‘Palavrinhas no Ar’ [o jornal criado pelos alunos] se torne uma publicação mensal acessível a todas as crianças de Apucarana”, revela. Para isso, ela busca parcerias e patrocínios que possam ajudar na aquisição dos jornais e na impressão das edições produzidas pelos alunos.

A professora, que começou recentemente a cursar Jornalismo, diz que a iniciativa não transforma apenas a vida dos alunos, mas a dela também. “O brilho nos olhos de uma criança que descobre a magia de uma história é a maior recompensa”, finaliza.