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Região tem 7,4 mil motoristas da terceira idade, aponta Detran

Cindy Santos

| Edição de 27 de outubro de 2023 | Atualizado em 27 de outubro de 2023
Pedro Celestino ainda não pensa em parar de dirigir
Pedro Celestino ainda não pensa em parar de dirigir

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Um levantamento do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran) aponta que a região tem mais 7,4 mil idosos com Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ativa na região, número que corresponde a 18% do total de habilitações ativas em Apucarana, Arapongas e Ivaiporã. Os dados compreendem pessoas com idades entre 61 até 95 anos de idade que dirigem.

O número não é alto em comparação ao total de motoristas habilitados (1,4%), mas chama a atenção pela longevidade na atividade. O fato é que o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) não estipula idade limite para um motorista parar de dirigir. A lei, entretanto, institui que condutores com mais de 65 anos façam exames médicos com maior frequência, renovando a CNH a cada três anos, com possibilidade de diminuição do intervalo.

É o caso do aposentado Pedro Celestino Ferreira, de 92 anos, que mora em Apucarana e renova o documento a cada dois anos. Sua primeira habilitação saiu em 1968, há exatamente 55 anos, e ele afirma que não pretende parar de dirigir pois é um bom motorista. O idoso foi multado apenas uma vez por estacionar em local proibido. O aposentado gosta muito de dirigir. Vai à missa, ao parque e ao supermercado. Para ele, o seu veículo é sinônimo de autonomia, um instrumento de inclusão social.

Mas se o CTB não estabelece idade limite, qual é o momento de “pendurar as chaves”? Segundo o médico especialista em oftalmologia e medicina de tráfego Francisco Licínio de Camargo as condições de saúde são os principais fatores que determinam a renovação ou não da CNH. 

“Se for um idoso que se cuida, que não tem doenças graves, não toma medicamentos que tenham interferência no ato de dirigir, e mantenham atividade física, que goza de boa saúde, vai passar dos 90. Evidente que deve ter uma boa visão, então é mais difícil preencher os requisitos necessários de uma avaliação visual. O comportamento, a parte cognitiva também é importante. Desde que ele entra na clínica o comportamento é observado, fazer perguntas que ele tenha que pensar, a gente conversa muito mais do que um candidato jovem”, conta.

Família tem papel importante

Para a psicóloga Rosângela Bacron, especialista em psicologia de tráfego, em muitos casos não renovar a carteira pode ser um drama porque dirigir pode proporcionar ao idoso mais autonomia, mobilidade e qualidade de vida. Além disso, pode favorecer o contato com familiares, amigos e a comunidade em geral, evitando o isolamento social e até a depressão. Entretanto, a família tem um papel muito importante na decisão sobre renovar ou não o documento. 

“A família deve considerar alguns fatores como a saúde física e mental do idoso, se ele apresenta alguma condição que possa comprometer sua capacidade de dirigir com segurança, como problemas de visão, audição, memória, atenção, coordenação motora, etc. Nesse caso, a família pode incentivar o idoso a procurar um médico e fazer os exames necessários para avaliar sua aptidão para dirigir”, afirma.