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Tarifaço de Trump deixa setor de exportações em alerta na região

Cindy Santos

| Edição de 11 de julho de 2025 | Atualizado em 11 de julho de 2025

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A ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tarifar em 50% os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, pode afetar exportações e importações da região. Apesar dos Estados Unidos não ser o maior mercado para as exportações regionais, no primeiro semestre deste ano, três parceiros comerciais do país americano, entre eles os dois maiores municípios da região, já somam mais de US$ 10 milhões em produtos exportados aos EUA, conforme dados da plataforma Comex Stat, do governo federal.

São Pedro do Ivaí detém o maior valor FOB de exportação para os EUA. No primeiro semestre deste ano, o município ultrapassou US$ 10 milhões, com a venda de leveduras e ração animal, e gastou US$ 1,2 milhão com a importação de enzimas e ácidos monocarboxílicos, produtos usados pela indústria. A exportações para os EUA representam quase a metade do mercado de exportações do município, que exportou US$ 21,5 milhões.

Arapongas é outro parceiro dos EUA que neste ano exportou US$ 166 mil em móveis, assentos, ferragens, aparelhos de iluminação, plástico, fios, entre outros produtos. O valor representa uma margem muito pequena das exportações de Arapongas, que já somam US$ 40 milhões. O município também importou mais de US$ 2 milhões em produtos diversos dos EUA.

Apucarana também têm relações comerciais com os Estados Unidos, com o registro de US$ 72 mil com exportação de artigos de selas e arreios para animais, microfones e máquinas para colheita.

O mercado norte-americano tem pouco impacto na balança comercial do município,que totaliza mais de US$ 12,8 milhões em exportações no ano.

REFLEXOS

Caso medida anunciada pelo presidente americano seja sancionada, haverá uma redução das atividades desses municípios no comércio estadunidense, analisa o economista Paulo Cruz, professor da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), campus de Apucarana. “As empresas que exportam para os EUA enfrentarão desafios significativos. Sem um mercado para seus produtos, eles precisarão buscar alternativas, como encontrar novos mercados, o que leva tempo”, analisa o economista. “Essa situação pode ter consequências graves para a economia”, acrescenta, referindo-se ao mercado brasileiro.

O economista de Apucarana, Rogério Ribeiro, explica que se a taxação entrar em vigor, poderá impactar diretamente a competitividade das exportações brasileiras no mercado americano.

“Nossos produtos chegarão muito mais caros, não vamos vender, diminuindo as exportações. Com menos faturamento, teremos menos salários pagos, o que reflete e prejudica a dinâmica da região”, avalia. “Não acredito que chegue a esse ponto. Mas se chegar, todos vão perder”, pontua.

Reunião do Brics e questionamentos sobre dólar motivaram ameaça de taxação

De acordo com o economista Rogério Ribeiro, o presidente americano ameaça impor tarifas às nações que se alinharem aos planos do Brics de desafiar a hegemonia do dólar. “A preocupação de Trump é justamente ‘bater firme’ nas economia que fazem parte do Brics. Na última reunião, foi discutida a criação de uma moeda comum e multilateral, sem precisar usar o dólar. Isso enfraqueceria a moeda e a economia americana”, explica o economista.

A medida anunciada pelo presidente americano na última quarta-feira (9), mistura alegações comerciais e políticas para justificar as taxas. A carta endereçada ao presidente Lula também alerta que, se o Brasil reagir elevando suas próprias tarifas, os EUA aumentarão ainda mais as taxas sobre produtos brasileiros. “Trump colocou questões partidárias e ideológicas, de fato é um movimento geopolítico. Ele ameaça tarifar economias que estão querendo abandonar o dólar. Se ele vai efetivar, é incerto. Se realmente tarifar, teremos impactos negativos na economia brasileira. Mas acredito que essa questão será resolvida com diplomacia”, pontua Ribeiro.