Você conhece a si mesmo? Apenas com esta pergunta poderíamos finalizar o texto e deixar então um espaço para você leitor, escrever e interagir com o artigo. Se passou pela sua cabeça que essa é apenas uma pergunta, será que precisaria de tanto a se pensar? E aqui digo que sim. Somos tão complexos que ao pensarmos em um único dia de nossas vidas quantas situações, palavras, pensamentos, emoções e tantas outros pontos vivemos, até mesmo em um dia monótono.
Quando refletimos sobre nos conhecermos, não se trata de pensar em você no universo, mas apenas em você. Pensar a sua relação com o universo seria muito injusto devido aos inúmeros fatores e possibilidades que não se encontram ao seu controle ou escolha, ou ainda poderíamos pensar que não seria conhecer sobre você, mas sim sobre o outro. Nesse olhar seria como se eu elencasse uma lista de coisas para você descrever como seu estilo de música, seu estilo de roupa, seu filme favorito, sua série favorita, sobre lugares que gosta de frequentar e assim a fora como em um desafio das redes sociais.
Mas o que proponho aqui “conhecer a si mesmo” é realmente a expressão autoconhecimento. Você conhece a você? As suas emoções? A necessidade de identificar essas emoções através da auto-observação é a aptidão emocional fundamental para um futuro autocontrole emocional. E assim identificamos algumas emoções primárias, mesmo sendo tão discutidas e controversas por estudiosos como ira (fúria, revolta, raiva, ressentimento, ódio,...), tristeza (sofrimento, magoa, desânimo, solidão,...), medo (ansiedade, nervosismo, preocupação, susto,...), prazer (felicidade, alegria, alívio, diversão,...), amor (aceitação, amizade, confiança, paixão,...), surpresa (choque, espanto, maravilha, pasmo,...), nojo (desprezo, desdém, antipatia, aversão,...) e vergonha (culpa, vexame, remorso, humilhação,...).
Claro que apenas identificar e nomear as emoções não resolve toda a questão de se conhecer, mas parte é essencial do processo. Sócrates, pensador grego pai da filosofia ocidental, já dizia há mais de dois mil anos: “Conhece-te a ti mesmo”, em oposição aos pré-socráticos que se preocupavam com as origens do Universo e aos sofistas, que nada mais eram do que profissionais do discurso. Muito antes de conseguirmos entender o mundo ao redor ou mesmo expressar aquilo que queremos com palavras, nós sentimos.
Quando bebês, expressávamos o medo, a fome, o sono e tantas outras emoções e sentimentos que, apenas pais e mães atentos poderiam distinguir o significado. Qual foi o momento em que paramos de expressar o que sentimos? Logo quando aprendemos a falar e, enfim, poderíamos nomear, quantificar e qualificá-los. Houve algum momento em que ouvimos: “engole o choro!”. Como seria possível engolir o choro? No fim, era apenas sobre engolir as emoções, trancando-as em um quarto escuro inacessível aos demais.
Convido a você, caro leitor, a pelo menos buscar a chave desse quarto escuro. Essa é a famosa chave do sucesso, aquela que poderá permitir o acesso ao “ego” e ao “self” (que vai além do que mostramos no Instagram, mas isso explico outro dia). Destrancar essa porta é se mostrar vulnerável em um mundo que nos mandou engolir o choro, mas se não encararmos nossos demônios, eles nos acompanharam além do necessário.