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Lula critica teto de gastos e mercado reage com alta do dólar e queda da bolsa

Estadão Conteúdo

| Edição de 10 de novembro de 2022 | Atualizado em 10 de novembro de 2022

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Omercado financeiro teve um dia de nervosismo em meio à indefinição sobre a equipe econômica do futuro governo e após o discurso do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que fez críticas à estabilidade fiscal. O dólar disparou e subiu mais de 4%, aproximando-se de R$ 5,40. A bolsa de valores teve a maior queda diária desde setembro de 2021. Ontem, o presidente eleito participou de extensa agenda em Brasília.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso com críticas à “estabilidade fiscal”, ao defender que é preciso colocar a questão social na frente de temas que interessam, segundo ele, apenas ao mercado financeiro. O petista também questionou por que ter meta de inflação e não ter meta para o crescimento do PIB.

“Por que as pessoas são levadas a sofrerem por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal desse País? Por que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gastos, que é preciso fazer superávit, que é preciso fazer teto de gastos? Por que as mesmas pessoas que discutem teto de gastos com seriedade não discutem a questão social neste País?”, questionou, em discurso no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde instalou  a equipe de transição de governo. 

Lula se emocionou e chegou a interromper sua fala quando citou um trecho do discurso que fez em sua vitória de 2002, ao comentar o tema da fome, que voltou à pauta nacional. “Se quando eu terminar esse mandato cada brasileiro estiver tomando café, almoçando e jantando, eu terei cumprido, outra vez, o meu papel”, disse.

Mais tarde, após o fechamento negativo da bolsa com reação negativa ao discurso, Lula fez novo pronunciamento. “O mercado fica nervoso à toa. Nunca vi mercado tão sensível como o nosso. É engraçado que o mercado não ficou nervoso nos quatro anos de Bolsonaro”, disse.

Segundo Lula, a definição de nomes para os ministérios só começará daqui a dez dias. Na primeira entrevista coletiva após as eleições, ele disse que só iniciará a montagem da equipe do futuro governo após voltar da viagem ao Egito e a Portugal.

Geraldo Alckmin  não vai  ganhar ministério 

O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, que coordena a transição, anunciou ontem mais 31 nomes de integrantes que irão compor seis dos grupos temáticos que vão atuar no processo de mudança entre os governos. Na declaração, Alckmin estava acompanhado da presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), e do ex-ministro Aloizio Mercadante.

Entre eles estão os ex-ministros Paulo Bernardo e Guido Mantega, além da deputada federal Maria do Rosário (PT-RS). Também foi anunciado o nome de mais um paranaense, o deputado Enio Verri (PT), que vai integrar o grupo do Planejamento, Orçamento e Gestão, junto ao ex-ministro Guido Mantega.

Outro nome anunciado é jornalista Anielle Franco, irmã de Marielle Franco - vereadora do PSOL assassinada em 2018 no Rio de Janeiro. Anielle vai integrar eixo voltado a políticas públicas para mulheres. 

Ontem, o presidente eleito também descartou que seu vice vá ocupar um ministério. “Fiz questão de colocar Alckmin como coordenador (do governo de transição) para que ninguém pensasse que o coordenador seria ministro. Ele (Alckmin) não disputa vaga de ministro porque é vice-presidente da República”, disse Lula.