Cerca de 160 professores do campus de Apucarana da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) entram em greve por tempo indeterminado a partir da próxima segunda-feira (15). Cerca de 1,3 mil acadêmicos ficarão sem aulas por conta da paralisação.
Os professores de Apucarana aderem ao movimento estadual de greve nas instituições de ensino superior públicas. O protesto já tem adesão da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Estadual de Maringá (UEM), Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) e de todos os sete campi da Unespar. Os docentes da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) ainda não realizaram assembleia para decidir sobre o assunto.
Valdir Anhucci, professor do curso de serviço social do campus de Apucarana e integrante do Sindunespar – Seção Sindical dos Docentes da Universidade Estadual do Paraná-, explica que a categoria cobra 42% de reposição salarial referente à inflação acumulada dos últimos sete anos.
“Desde 2017, os professores universitários receberam apenas 5% de correção da inflação. No entanto, o acúmulo somou 47% nesse período. Por isso, estamos reivindicando o pagamento da diferença, que é de 42%”, explica. Ele reclama da falta de diálogo por parte da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti). “Ninguém gosta de fazer greve, mas foi necessário porque não recebemos nenhum posicionamento do governo estadual”, diz.
Segundo ele, os alunos estão sendo informados sobre os motivos da paralisação. “Enquanto os preços dos alimentos e dos combustíveis aumentaram, por exemplo, nosso salário não teve reajuste. Na semana que vem, vamos realizar reuniões para discutir os rumos da mobilização. Pelo que foi decidido, a greve é por tempo indeterminado até conseguirmos avançar nas negociações”, diz.
O professor critica o argumento do governo estadual de dificuldades orçamentárias. “No orçamento de 2022, o governo estadual promoveu uma renúncia fiscal de R$ 17 bilhões para atender grandes indústrias e o agronegócio. Agora, diz não ter condições de atender a demanda dos professores”, critica.
“GREVE É PRECIPITADA”
Em nota, a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná informou que tem discutido as pautas que envolvem as demandas de professores e funcionários das universidades estaduais com lideranças e sindicatos que representam as categorias.
“A proposta de reformulação das carreiras foi apresentada e encaminhada para avaliação das demais áreas do Estado, uma vez que envolve aspectos orçamentários. Nesse sentido, a secretaria entende que a greve é precipitada e pode prejudicar o diálogo”, afirmou a Seti.
Pedido de área do campus pela Polícia Científica gera polêmica
A proposta de construção da sede própria da unidade da Polícia Científica do Paraná, que funciona hoje em um imóvel alugado em Apucarana, em área do campus da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) está gerando polêmica. O professor Daniel Gomes, diretor do campus, explica que a Polícia Científica procurou a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti) para solicitar um terreno de 3,6 mil m² da instituição.
“Apresentamos ao Conselho de Campus a proposta feita e vamos marcar uma nova reunião para discutir o assunto. Nada foi definido”, explica. Ele assinala que a Polícia Científica requisitou o terreno onde hoje fica o estacionamento aos fundos do Auditório Gralha Azul. Inicialmente, a intenção seria concentrar no local todos os serviços da Polícia Científica,incluindo a medicina legal (IML).
O diretor admite que a cessão da área prejudicaria uma eventual ampliação da Unespar em Apucarana. No entanto, o professor assinala que esse tipo de cessão não é novidade e já ocorreu em outras universidades. “É um assunto que a Unespar tem autonomia para decidir. Estamos recolhendo mais subsídios para a discussão”, diz.
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) convocou uma reunião para hoje, quando o assunto será debatido. “Ter uma sede permite a presença da polícia sem nenhuma restrição, a hora que quiser, em um ambiente acadêmico. Cabe muitas reflexões em cima disso”, diz Rafaela Mello, do DCE.
A Polícia Científica informou que o projeto está na fase inicial, com sondagem de áreas. No caso da Unespar, a construção seguiria o modelo de Ponta Grossa, que será construído na UEPG,que prevê parcerias acadêmicas.