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Ninguém disse que crescer doía tanto, mas continuamos assim

Da Redação

| Edição de 19 de setembro de 2024 | Atualizado em 19 de setembro de 2024

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Na semana que completo meus 37 anos de DIVA (sim, não escrevi vida, rs), percebo aos poucos que não sou mais a mesma menina, mas ainda não me sinto com a idade que tenho. O que não quer dizer que eu não respeite o momento da minha existência, mas quando eu era uma jovenzinha, imaginava que seria outra pessoa, que pensaria e faria tudo diferente, que estaria com a consciência de outra pessoa no lugar da minha. Sim, sei que parece loucura, mas é estranho pensar que sou a mesma menina de 17 anos, que ao passar no vestibular na UEL, iniciava o caminho mais louco, sem volta e com muitas curvas.

Com três filhos, posso lembrar de momentos da minha própria vida que pareciam perdidos no fundo de minha alma. Eu já perdi todos os dentes uma vez, afinal os permanentes deveriam ocupar o lugar dos de leite, mas não me lembro se isso doeu ou não. Enquanto mãe, sou tentada a constantemente fingir que nada dói para os meus filhos, mas isso seria o mesmo que ignorar a dor deles ou esconder as minhas, haja vista que crescer de fato dói e, nem sempre, é só fisicamente.

Meu marido me lembrou que quando começamos a namorar minha mãe tinha a idade que tenho agora, mas se eu sou ainda uma criança, como ela poderia ser A MINHA MÃE. Talvez eu não reconhecesse as fraquezas dela, suas falhas e, porque não dizer, sua humanidade. Idealizamos demais os nossos pais quando somos jovens, o que não está errado, mas pode significar cobrar demais deles aquilo que ninguém pode oferecer.

Esse sentimento louco de achar que estamos sempre atrasados, acontece muitas vezes por nos compararmos a exemplos que nós mesmos criamos, muitas vezes sem vínculo com a realidade. Entrar na faculdade, namorar e casar, comprar uma casa, fazer viagens pelo mundo... parece que tudo isso é uma lista de coisas a se fazer para cumprir a meta do que é viver. Enquanto se espera cumprir tudo a gente espera, como se estivéssemos sentados no banco de trás do carro, olhando pela janela as luzes dos postes que passam rápido. Mas quem dirige esse carro? Uma hora precisamos entender que nossas vidas não devem ser dirigidas pelos nossos pais, que serão no máximo os passageiros do banco ao lado, ou quem sabe, o carro que nos ajuda a iluminar o caminho com seus faróis, estando lado a lado.

Assumir a responsabilidade da própria vida para muitos é o motivo de liberdade, para outros é o enfrentamento de encarar que somos responsáveis pelas nossas ações. A gente espera demais das pessoas, que elas sejam empáticas com as nossas dores e necessidades, mas na realidade, todo mundo tem as suas próprias e quanto antes entendermos isso, menos sofreremos. A parte boa de ter o mínimo de consciência dessa múltipla existência, onde sou a criança que sente a dor do dente que precisa cair, da adolescente que precisa sair de casa, da mãe que precisa e quer cuidar dos seus filhos, é que entendo que nunca serei nada, pois sou uma construção constante de mim mesma. Não sou, eu estou. E “estando” permaneço em constante movimento, que é o melhor “lugar” para se estar, pois sempre é algo novo e eu gosto de (me) descobrir.

Thays N. D. Bomba