O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) confirmou que seis pontos da BR-376, entre Apucarana e Ponta Grossa, ficarão fora do cronograma de duplicação. Ao todo, 90 quilômetros seguirão com pista simples, sendo o maior trecho com mais de 28 quilômetros. Prefeitos da região criticam a situação.
Dos 244,2 quilômetros entre Apucarana e Ponta Grossa, devem ser duplicados 154,2 quilômetros. Os 90 quilômetros que ficarão em pista simples totalizam 36,8% da distância total.
Partindo de Apucarana em direção a Ponta Grossa, o primeiro trecho que ficará em pista simples tem 6,2 quilômetros e compreende o perímetro urbano de Califórnia. O prefeito da cidade, Paulo Wilson Mendes, o Paulinho Moisés (PP), reclama. “Já procurei diversas vezes a concessionária e também os órgãos públicos de trânsito do estado, mas aparentemente não há nada que possamos fazer. Vamos ter que esperar uma nova concessão para que a duplicação seja feita em Califórnia, infelizmente”, diz.
Segundo ele, a situação traz prejuízos para os cidadãos da cidade. “A duplicação traria muitos benefícios para Califórnia, aumentando a segurança e facilitando o trânsito de veículos que cortam o município. A duplicação traria progresso”, aponta.
O segundo trecho que ficará sem duplicação tem 11,7 quilômetros. Ele fica logo após o trecho já duplicado da Serra do Cadeado, em Mauá da Serra, e vai até o distrito de Bairro dos França, já em Ortigueira. Após 5,5 quilômetros duplicados, novo trecho em pista simples: com 11,7 quilômetros, até o trevo de acesso de Ortigueira.
A prefeita de Ortigueira, Loudes Banach (PPS), se surpreendeu com a notícia de que vários trechos da Rodovia do Café não serão duplicados. “Esperamos tanto tempo por esta obra e agora, saber que ela não será feita em sua totalidade, é frustrante. Estávamos contando muito com a rodovia inteiramente duplicada. Será um grande prejuízo para a região. Vamos procurar o Governo Estadual e também a CCR RodoNorte para ver o que será possível fazer”, diz ela.
O município terá cinco quilômetros de duplicação em seu perímetro urbano, incluindo um novo trevo de acesso, que já está pronto e liberado para tráfego. Deste trecho duplicado até o trevo de acesso de Imbaú, não haverá duplicação. Serão 28,4 quilômetros mantidos em pista simples. Há ainda outras duas porções da pista que também não receberão a duplicação: a primeira, de 8,5 quilômetros, vai do Restaurante Soledade II até oito quilômetros antes do distrito de Caetano Mendes (Tibagi). O segundo trecho liga Caetano Mendes ao distrito de Alto do Amparo (Tibagi).
Em nota, o DER informa que “o investimento previsto para a execução das obras foi baseado em um projeto básico, que não contemplava os valores detalhados dos serviços necessários para a duplicação de todo trecho e outras soluções adicionais que não estavam orçadas, como por exemplo, vias marginais e interseções em desnível”.
Ainda de acordo com a nota, “com a apresentação do projeto final, constatou-se que o quantitativo estimado no início do contrato era insuficiente para a duplicação de toda extensão da BR-376, portanto, foram definidos segmentos prioritários como os perímetros urbanos que concentram movimento intenso de veículos e necessitam de acessos, retornos e conversões para garantir a segurança de motoristas e pedestres”.
Duplicação entregou 32,9 km
O contrato original da concessão da rodovia à iniciativa privada aconteceu em 1997. Ele previa que a duplicação de todo o trecho estaria pronta em 2003. Contudo, em 2000 e 2002, duas modificações nas obrigações da concessionária, motivadas por reduções forçadas nas tarifas da época, acabaram protelando as obras para o fim do contrato.
A empresa CCR RodoNorte venceu a licitação para concessão da rodovia, por um período de 24 anos. O prazo termina em 2021. O governo federal já sinalizou que uma nova concessão deverá ser realizada, possivelmente incluindo a duplicação dos 90 quilômetros restantes.
A Tribuna entrou em contato com a CCR RodoNorte para repercutir a situação, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.
Até agora, foram concluídos 32,9 quilômetros da duplicação. Outros 54,9 quilômetros estão em execução, com perspectiva de conclusão em 2019, e mais 66,4 quilômetros tem previsão de início em 2018 e término no ano que vem. Em nota, o DER lembrou que “os trechos de pista simples estão contemplados com segmentos de terceiras faixas restaurados e ampliados durante o programa de concessão”.