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Advogado nega irregularidade em negociação de fazenda invadida

Fernando Klein

| Edição de 08 de março de 2023 | Atualizado em 08 de março de 2023
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Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, o advogado Cirineu Dias, de Apucarana, negou qualquer irregularidade nas negociações de compra de uma fazenda em Rosana (SP), que foi invadida por integrantes do movimento sem-terra Frente Nacional de Lutas (FNL). Ele foi citado em depoimento pela dona da propriedade, que denunciou pedido de propina de R$ 2 milhões do líder do FNL, José Rainha Júnior, para liberar a área. José Rainha acabou preso por decisão da Justiça de São Paulo por conta dessa suposta extorsão.

No depoimento, a fazendeira Maria Nancy afirmou que o advogado Cirineu Dias a teria procurado para comprar a fazenda e a aconselhado a pagar o valor da extorsão a José Rainha antes de qualquer negociação. A informação foi divulgada inicialmente pela CNN e pelo site Metrópoles.

O advogado desmente a versão da fazendeira e o conteúdo das matérias divulgadas nacionalmente. “Houve distorção da matéria. Vou entrar na Justiça contra a CNN e também contra a dona da fazenda, porque ela deu um depoimento mentiroso”, disse o advogado, que também é fazendeiro.

Ele afirma que estava negociando a propriedade em São Paulo antes da invasão dos sem-terra, que ocorreu em 2021. O advogado esclarece que a fazenda é formada por terras devolutas da União, que acabaram repassadas a fazendeiros pelo governo de São Paulo, o que deu início a um imbróglio jurídico. Muitos anos depois, segundo o apucaranense, o movimento sem-terra conseguiu anular judicialmente essas negociações do governo paulista. 

Para tentar regularizar a situação, o Estado de São Paulo aprovou recentemente, ainda segundo Cirineu Dias, um projeto autorizando a posse aos fazendeiros das propriedades de até 450 hectares – a fazenda citada na denúncia, conforme ele, tem 493 hectares.

“Então, eu fui negociar com o ‘Zé Rainha’ para que eles (os integrantes da FNL) saíssem da propriedade. Propus - se eu comprasse - doar 20 alqueires para os sem-terra (50 hectares) e, assim, eles me entregariam o resto da fazenda. Dessa forma, a propriedade ficaria com menos de 450 hectares e seria possível regularizá-la junto ao governo de São Paulo”, explica.

Segundo o advogado, o líder dos sem-terra ficou de convocar uma assembleia da FNL para votar a proposta dele. Cirineu Dias nega que José Rainha tenha pedido propina. “A dona da fazenda sabia que eu ia negociar (com José Rainha). Eu não tinha nada a esconder, tanto é que tirei foto com o José Rainha e publiquei nas redes sociais”, conta. 

O advogado contesta a versão de que ele foi atrás da dona da fazenda, mas diz que ela o procurou insistentemente para negociar, inclusive o procurando na fazenda dele em Rosário do Ivaí. “Ontem mesmo (terça-feira), ela me ligou para saber se eu ainda queria comprar a fazenda”, observa, acrescentando que nos autos ele é citado apenas como testemunha.