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Agrotóxico pode ter exterminado 130 colmeias de abelhas em Mauá da Serra

Fernando Klein

| Edição de 01 de fevereiro de 2023 | Atualizado em 01 de fevereiro de 2023
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A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR) estão investigando a mortandade de 7,8 milhões de abelhas de 130 colmeias em Mauá da Serra, no norte do Estado. A principal suspeita é de que o uso de agrotóxicos tenha gerado o extermínio dos insetos.

Um boletim de ocorrência também foi registrado na polícia do município por dois apicultores prejudicados. Eles calculam prejuízos de mais de R$ 130 mil com a perda da colheita de mel e também dos enxames que estavam instalados na Vila Rural Nova Esperança.

O fiscal da Adapar de Apucarana, Luciano Gomes, afirma que a abelhas mortas serão coletadas e encaminhadas para análise no Tecpar - Instituto de Tecnologia do Paraná, em Curitiba. “O nosso objetivo é investigar qual agrotóxico foi utilizado e identificar o nome do produtor rural responsável”, explica Gomes. Caso ocorra identificação, e o agricultor pode sofrer penas, desde advertência até multa.

O extensionista do IDR em Mauá da Serra, Higor Henrique da Silva, afirma que não é a primeira vez que o problema é registrado. Esses mesmos dois apicultores já perderam um grande número de colmeias em pelo menos outras duas oportunidades nos últimos anos.

Ele afirma que, nas outras vezes, não foi possível identificar os responsáveis. O extensionista assinala ainda que vai propor, junto à Secretaria Municipal de Agricultura de Mauá da Serra, um projeto de conscientização dos agricultores para a proteção das abelhas e também de outros insetos polinizadores, que cumprem um importante papel no ecossistema. “Não queremos condenar os produtores de soja, mas é preciso orientá-los sobre o assunto”, diz.

O principal problema, segundo ele, é a “deriva”, que é a porção dos agrotóxicos aplicado que não atinge o alvo desejado, podendo se depositar em áreas vizinhas, gerando impacto no meio ambiente.

Higor mostra preocupação com o futuro das abelhas. Uma possível extinção desses insetos no futuro já é alvo de inúmeros estudos científicos. “É uma situação real e que gera muita preocupação”, pondera.

O apicultor Jairo Carneiro Gomes, que atua na atividade há 12 anos, se mostra desanimado com os prejuízos. Ele é proprietário da maior parte dos enxames dizimados. “A gente vem de dois anos bem difíceis na apicultura, com mortandade grande de abelhas por conta do uso agrotóxicos e também mudanças no clima”, avalia.

Segundo ele, a perda é de 5,2 mil kg de mel (40 kg por colmeia, em média). Cada enxame tinha cerca de 60 mil abelhas, o que representa a morte de 7,8 milhões de insetos. (FERNANDO KLEIN)