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Apucaranense recebe rim do irmão para superar hemodiálise

Cindy Santos

| Edição de 01 de março de 2023 | Atualizado em 01 de março de 2023
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irmão para superar hemodiálise

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O autônomo Mário dos Santos, 63 anos, morador de Apucarana, encerrou um ciclo de cinco anos de hemodiálises. Diagnosticado com insuficiência renal crônica em 2016, ele precisou fazer o procedimento semanalmente enquanto aguardava na fila para um transplante de rim, até encontrar um doador muito especial: o seu irmão caçula. 

A cirurgia está marcada para amanhã e muito em breve Mário poderá realizar uma vontade que, segundo ele, será a sua maior alegria. “Quero tomar dois litros de água. Faz cinco anos que eu não tomo água. Nestes anos, a minha maior vontade é tomar água e garapa”, revela. 

Mário desenvolveu a doença por ser hipertenso e diabético, dois dos principais fatores de risco causadores do problema renal. “Eu vivi 10 anos com diabetes e dois anos com pressão alta e achava que estava tudo normal, porque nunca tinha pisado em um hospital. De repente minhas pernas começaram a inchar e precisei começar hemodiálise. E é uma doença que pode ser evitada com exame que mede a quantidade de creatinina no sangue ou na urina”, relata. 

Foram tempos difíceis para a família de Mário, sobretudo na fase mais aguda da doença quando ele perdeu a visão dos dois olhos e precisou fazer cirurgia. “Eu fico emocionado em lembrar, porque muitas vezes perdi a esperança de um doador aparecer”, relembra Mario que ficou na fila de espera de transplante por quatro anos. “Até fui chamado algumas vezes quando apareceram doadores, mas depois diziam que eu não era compatível. E nessas dez vezes que me chamaram, eu perdi a esperança”, conta. 

Mas esperança voltou para o coração de Mário após aceitar um pedido do irmão mais novo, o Joel de 51 anos. Ele conta que não suportou presenciar o sofrimento do irmão mais velho e se ofereceu para doar o rim. “Quando a família descobriu que ele estava doente, ficamos muito tristes. Somos uma família muito unida e até que em uma época que ele estava muito mal eu disse que quando ele precisasse de um doador ele podia contar comigo”, conta. 

No primeiro exame que fizeram o resultado atestou incompatibilidade entre os irmãos, mas Joel insistiu. “Alguma coisa me dizia que eu podia ajudar de alguma forma. Fizemos o exame novamente e deu compatível. Além de poder doar para ele, descobri que sou doador universal, poderia doar para qualquer pessoa”, recorda. 

A atitude de Joel encheu sua mãe de orgulho e de alívio. Mãe de dez filhos, Benedita dos Santos, 84 anos, nunca imaginou que seria o filho caçula a doar o rim para o mais velho. Religiosa, dona ‘Ditinha’, como é conhecida no bairro onde mora, afirma que rezou muito pela recuperação do filho. “Me apeguei com Deus e disse que um dia ele iria devolver o rim do meu filho. Eu não tive pressa, eu esperei. E agora Mário vai fazer a cirurgia. Estou muito feliz”, comemora.