A segurança dos filhos nas escolas virou a principal preocupação dos pais nas últimas semanas após ataques registrados em várias cidades, como Blumenau (SC), São Paulo e Manaus (AM). Não bastassem os casos concretos, a propagação de falsas ameaças de atentados, principalmente em redes sociais e aplicativos de mensagens, está gerando pânico. Em Apucarana e Arapongas, inúmeros áudios circularam nos últimos dias com comunicados de supostos “massacres”, mobilizando equipes da Polícia Militar (PM) e também investigadores da Polícia Civil.
Outros municípios da região, como Borrazópolis e Califórnia registram problemas semelhantes. Diante desse cenário, autoridades de segurança pública e do setor de educação estão alertando a população para o compartilhamento de fake news (notícias falsas).
“Infelizmente, pessoas maldosas têm espalhado boatos nas redes sociais, relatando supostos ataques a unidades de ensino de Apucarana. São informações falsas”, informou a Autarquia Municipal de Educação (AME), de Apucarana, em nota oficial. De acordo com a pasta, as aulas seguem acontecendo normalmente nos 24 Centros Municipais de Educação (CMEis) e 36 escolas da rede municipal.
A nota pede ainda pede que as “famílias dos estudantes mantenham a calma e entrem em contato com a instituição de ensino em caso de dúvidas sobre alguma mensagem recebida pela internet”.
A Secretaria de Estado da Educação (Seed) informou que o governo estadual vai implantar nos próximos meses algumas ações, com destaque para Treinamento de Segurança Escolar Avançado, oferecido pela PM. “O projeto que será expandido em abril e maio tem o objetivo de preparar a comunidade escolar diante de possíveis situações de violência ou ameaças à segurança dentro das escolas, como técnicas de defesa”, informa.
Outro destaque é o projeto Escola Escuta, que prevê que todos os colégios da rede estadual tenham ao menos uma pessoa de referência para acolher estudantes que desejam conversar sobre questões emocionais, bullying ou dificuldades que estejam enfrentando.
“As aulas seguem normalmente em toda a rede estadual. Pais e responsáveis podem colaborar com a situação acompanhando de perto os estudantes, sempre atentos ao tipo de conteúdo que eles consomem na internet, com quem falam, seus comportamentos, além de se certificar antes de sair de casa sobre o uso do uniforme e presença de materiais de uso estritamente escolar na mochila”, completa a Seed.
10º BPM vai treinar funcionários de escolas
A Polícia Militar do Paraná (PM-PR) vai treinar professores e funcionários da rede estadual de educação para ensinar os profissionais a agir em casos de invasão. A medida foi anunciada na tarde desta terça-feira (11) pelo 10º BPM de Apucarana.
“Mesmo diante da disseminação de diversas informações falsas, o 10º BPM, em conjunto com a Guarda Municipal, estará trabalhando para garantir a segurança dos profissionais e dos alunos de toda a área do 10º BPM”, informou a corporação, que divulgou duas notas oficiais sobre o tema.
O treinamento foi definido em reunião entre o comando da PM e o chefe do Núcleo Regional de Ensino (NRE), Vladimir Barbosa. Segundo a nota da PM, a partir de quinta-feira (13), todos os professores e funcionários da rede estadual de ensino que estão subordinados ao Núcleo de Apucarana serão treinados por policiais especializado. O trabalho será levado na sequência para as escolas municipais.
Em outra nota, o 10º BPM também assinalou que a propagação de fake news vem aumentando. “Nos últimos dias têm ocorrido diversos boatos, referentes a atentados a escolas, o quem vem causando temor em pais, alunos e professores”, assinalou o comando, pedindo cuidado no compartilhamento de notícias.
PM de Arapongas monitora a situação e pede tranquilidade aos pais
O capitão Jefferson Schelbauer, da Polícia Militar (PM) de Arapongas, afirma que a propagação de fake news também preocupa. Ele afirma que o setor de inteligência da corporação tem monitorado todas as informações recebidas, mas assinala que nenhuma ameaça foi confirmada.
“É uma situação que vem ocorrendo em todo país por conta dos últimos fatos. Todos entram em um estado de alerta, mas ocorre que algumas pessoas se aproveitam dessa situação para lançar boatos e até mesmo alunos que não querem participar de aulas agem dessa forma”, pontua o oficial, em entrevista durante o lançamento do aplicativo Escola Segura (leia reportagem na pag 6).
Ele recomenda que os pais ajam naturalmente. “Todas as denúncias estão sendo filtradas e verificadas. Estamos acompanhando também sites e mídias sociais. Os pais podem ficar tranquilos e mandar seus filhos para as aulas normalmente”, diz.
O delegado-chefe da 22ª Subdivisão Policial de Arapongas, Maurício de Oliveira Camargo, afirma que o único caso concreto na cidade envolveu um adolescente do Colégio Estadual Irondi Pugliesi, que ameaçou um colega com uma arma. “A resposta da Justiça foi imediata. No mesmo dia, o juiz decretou o internamento do menor”, afirma o delegado.
As escolas têm adotado medidas internas de prevenção. No entanto, os boatos impactam a rotina. Diretora da Escola Municipal Cívico-Militar Maria Hercília Horácio Stawinski, a professora Bárbara Jhennifer Cirino Maldonado afirma que áudios nesta semana informando de ataques a “escolas na zona sul” acabaram mobilizando pais.
“Recebemos os pais e informamos sobre os nossos protocolos de segurança, mas é uma situação que preocupa. Os áudios falaram da zona sul, que é a nossa região, e isso circulou. A gente, porém, suspeita que sejam áudios até de outras regiões do país por causa do sotaque”, comenta.