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Café e leite puxam aumento de preço de 14,6% da cesta básica

Cindy Santos

| Edição de 18 de agosto de 2022 | Atualizado em 18 de agosto de 2022
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O tomate ganhou fama, mas o verdadeiro vilão da inflação é o tradicional cafezinho com leite, que anda pesando cada vez mais no bolso do consumidor. É o que mostra uma pesquisa do Núcleo de Conjuntura Econômica e Estudos Regionais (Nucer) da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) que mediu um aumento de 14,13% da cesta básica nos últimos 12 meses em Apucarana. Em junho do ano passado, os treze itens de alimentação custavam R$ 581,09 e em julho deste ano passaram para R$ 663,18, uma diferença de R$ 82,09. A alta foi puxada principalmente pelo leite longa vida e o café em pó que tiveram os maiores aumentos de preço, com 135,15% e 84,87% respectivamente

Os outros itens que também tiveram elevação de preço no período foram a batata (51,48%), óleo de soja (36,35%), tomate (31,31%), pão francês (24,63%), açúcar cristal (23,44%), farinha de mandioca (20,64%), banana prata (17,11%) e feijão carioquinha (14,63%). Os itens que tiveram redução nos preços médios foram: manteiga (-11,59%), arroz (- 10,88%) e carne bovina (-6,42%). Somente no ano de 2022, de janeiro a julho, o custo médio dos itens aumentou 16,51%.

O economista Rogério Ribeiro, professor da Unespar, lembra que os dois maiores vilões da inflação são commodities, portanto, são impactados pelo mercado internacional. “Os preços do leite e do café subiram muito no mercado internacional. Isto em dólar. Este foi um fator que puxou os preços para cima e este efeito foi potencializado pela desvalorização de nossa moeda. Com esta combinação, os preços finais subiram no mercado interno”, explica.

O mesmo aconteceu com o pão - por causa do preço do trigo - e com o óleo de soja. “Também aconteceu com o preço do boi gordo. Neste caso os preços internos pararam de crescer por conta da redução da demanda. Os consumidores passaram a consumir mais carne suína que teve seu preço reduzido por conta do aumento da oferta”, explica.

A chegada do inverno também é um fator que colaborou com a alta no preço do leite nos últimos meses. Segundo o economista, com baixas temperaturas houve redução da produção e, consequentemente, da oferta. Contudo, ele acredita que os preços do leite e derivados devem amenizar e até mesmo reduzir quando a estação mais fria terminar.

Outros itens que também impactaram o custo total da cesta básica, como a batata, tomate e banana, são sazonais e oscilam muito ao longo do ano. “O preço da cesta básica não tende a reduzir muito, mesmo considerando a redução dos combustíveis. Nossa moeda continuará desvalorizada e enquanto não normalizar as cadeias de suprimentos no mundo todo os preços não se acomodarão”.


Setor de padarias sofre impacto da alta 

A alta do leite impactou diversos produtos, afinal a partir dele surgem os derivados como queijos, iogurtes, requeijão e manteiga. Isso sem falar que o leite também é ingrediente para bolos, salgados e doces. Na padaria da empresária Djanira Dauna, em Apucarana, alguns produtos sofreram alta de até 30% somente por conta do custo da matéria-prima. 

“A gente tenta repassar o mínimo possível para o consumidor, mas não tem como não repassar nada. E quase todos os produtos tiveram aumento. Teve produto que subiu 30%, principalmente por causa do leite que é o que mais pesou”, afirma.

Segundo ela, alguns consumidores até reclamaram do preço, mas a maioria entende que esse é um reflexo da atual conjuntura econômica. “Como tudo ficou mais caro, os consumidores começaram a reduzir a quantidade, mas não deixam de comprar”, afirma.