Mais de 400 imigrantes, sobretudo haitianos, vivem na região. Os dados são da Cáritas Diocesana, organismo da Diocese de Apucarana (que abrange 36 municípios) que auxilia na causa de imigrantes e refugiados. Levantamento da entidade aponta que em todo o Brasil, mais de 60 mil estrangeiros são assistidos em parceria com Comitê Nacional Para os Refugiados (Conare).
O diácono de Apucarana e assessor da entidade, Dirceu Pereira da Silva, explica que quando os imigrantes chegam ao Brasil são identificados pela Polícia Federal que encaminha as solicitações, em conjunto com o Conare, responsável por determinar se os solicitantes reúnem condições necessárias para serem reconhecidos como refugiados.
“Por ser uma entidade de assistência social, a Cáritas se preocupa com um conjunto de necessidades das pessoas em situação de vulnerabilidade, que envolve alimentação, saúde, trabalho e moradia”, assinala.
Silva destaca que os haitianos têm uma situação diferenciada dos demais imigrantes que chegam ao País. “Todos os haitianos que estão no Brasil receberão visto de permanência”, informa.
Após o terremoto de 2010 no Haiti, o Brasil fez um acordo de receber refugiados e, até julho deste ano, 22 mil já tinham recebido o visto de permanência. Neste mês foi publicado no diário oficial da união mais 44 mil concessões de permanência definitiva no Brasil.
“Essas pessoas vêm ao nosso País em busca de melhores condições de vida. Muitas delas têm formação acadêmica e, ainda assim, deixam o País de origem em busca de novas oportunidades”, analisa.
As necessidades são identificadas por meio de visitas periódicas realizadas pelas equipes nas casas dos imigrantes.
Em Arapongas, cidade onde vive um número expressivo de haitianos, a Cáritas auxiliou a organização de uma associação que recebe as pessoas e as encaminha para moradia, trabalho e ainda atende necessidades básicas como alimentação e medicamentos, além de ofertar curso gratuito de língua portuguesa para proporcionar melhor interação. Presidente da Associação Haitiana de Arapongas, Bazelais Jean François, ressalta a importância da parceria.
“Todas as empresas de Arapongas têm algum haitiano trabalhando. É difícil alguma empresa que não tem. Por isso a associação foi criada com objetivo de ajudar a identificar essas pessoas e verificar o que elas estão precisando. Eu já passei por isso e sei como a ajuda é importante para quem chega em um lugar estranho”, comenta.
PERFIL
Parte dos grupos estabelecidos na região moram em repúblicas formadas por até 20 pessoas, a maioria empregada na indústria De acordo com François, muitos adquiriram condição de buscar seus familiares e estão vivendo em casas alugadas, como é o caso de Piterson Lormy, 30 anos. Após anos enviando dinheiro para a família ele conseguiu trazer a esposa e agora se prepara para buscar os dois filhos que ficaram com parentes na comuna Fond-des-Nègres.
O haitiano chegou no Brasil há 4 anos e está há 3 sem ver os filhos. Na época deixou a família no Pais de origem e seguiu para Manaus, no Estado do Amazonas, e depois desempregado, seguiu para Arapongas, onde mora atualmente.
“Quando cheguei passei muitas dificuldades”, relata.
Lormy diz que antes de ser contratado na empresa onde trabalha atualmente recebia cestas básicas e ainda completou o curso de língua portuguesa gratuitamente