O preço da cesta básica em Apucarana e em Arapongas, só nos dois primeiros meses desse ano, já subiu quase 12%. E a tendência é de alta. As informações podem ser verificadas a partir do levantamento mensal, divulgado ontem pelo Núcleo de Conjuntura Econômica e Estudos Regionais (Nucer) da Universidade Estadual do Paraná, campus de Apucarana.
De acordo com o professor e economista Rogério Ribeiro, coordenador do Nucer, responsável pela pesquisa, só considerando os dois primeiros meses do ano, a cesta básica de Apucarana já subiu 11,41% e a de Arapongas, 11,35%.
Embora as cestas básicas nas duas cidades sejam consideradas relativamente baratas, quando comparadas aos preços praticados em capitais, por exemplo, nesse momento, há um cenário macroeconômico que pressiona para cima os preços. “Ano passado tivemos uma inflação acumulada na casa de dez por cento. Mas certamente, se olharmos só o grupo alimentação no domicílio, a inflação pontual acumulada passou dos 20%”, explica.
Segundo o economista responsável pela pesquisa, quando se observa as commodities, como boi gordo, soja, milho, açúcar, há uma pressão de alta por conta da cotação em dólar no mercado internacional, aliada à desvalorização do Real. “Isso pressiona o custo de vida, de um modo geral, porque estamos falando do poder de compra de nosso dinheiro”, pondera.
Um segundo ponto a pressionar os preços para cima, atualmente, segundo o professor Rogério Ribeiro, é o conflito na Ucrânia e os embargos econômicos, que impactam diretamente nos preços das commodities no mercado internacional. Com base nisso, por exemplo, ele cita que o trigo já subiu, desde a primeira semana de fevereiro, nada menos do 6,5%. O mesmo ocorre com a cotação do porco vivo, que era comercializado a R$ 4,19/kg no dia 1º de fevereiro e já estava em R$ 5,37% na sexta-feira, dia 04 de março, uma variação de 28,2%. O frango resfriado, no mesmo período, ou seja, entre 1º de fevereiro a 04 de março, subiu 12,6%, indo de R$ 5,85 para R$ 6,59. O boi gordo, nos mesmo período, subiu 11,6%.
Rogério Ribeiro explica que a conjuntura internacional faz com que a tendência de alta de preços se mantenha. E pode pressionar ainda mais os preços caso demore muito mais para uma solução da guerra na Ucrânia. “Os embargos econômicos vão continuar pressionando os preços, tanto das commodities quanto dos fertilizantes. Quanto mais tempo demorar, mais os preços devem subir e isso vai pressionar toda a cadeia produtiva e isso vai impactar nos preços das cestas básicas”, avalia.