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Com produção recorde no PR, avicultura regional passa por momento de transição

Fernando Klein

| Edição de 16 de março de 2023 | Atualizado em 16 de março de 2023
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O Paraná atingiu o maior volume de produção de carne de frango da história em 2022, segundo o documento Dados da Estatística da Produção Agropecuária, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foram 2 bilhões de aves produzidas no Estado, mais de um terço da produção nacional no último ano. Na região, a avicultura também é protagonista, mas passa por um momento de transição com a concentração da atividade em produtores com maior capacidade de investimento. 

Segundo dados do Valor Bruto de Produção (VBP) de 2021, os municípios do Vale do Ivaí mais Arapongas e Sabáudia produziram quase 100 milhões de aves, movimentando quase R$ 2 bilhões. Os dados com números de 2022 devem ser divulgados pela Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) no final de abril. 

O economista Paulo Sérgio Franzini, do Departamento de Economia Rural (Deral), da Seab de Apucarana, afirma que a previsão é de que o levantamento mostre estabilidade nos números da produção de frangos na região no ano passado. “Estamos em um momento de transição na produção de frango na região, com algumas mudanças nos perfis dos produtores”, explica. 

Segundo ele, muitos pequenos produtores desativaram seus aviários por conta das novas exigências das integradoras. “Eram aviários desatualizados e velhos. Por conta do alto de custo de reforma ou adequação, muitos desses produtores acabaram desistindo da atividade”, afirma. Por isso, ele assinala que os números que serão divulgados no final de abril serão importantes para analisar a “acomodação” do setor após as mudanças. 

Franzini afirma que houve um encarecimento grande dos custos após a pandemia de covid-19. “Os preços do alumínio, aço e metal estão muito altos, o que impactou na instalação dos aviários dentro desse novo padrão de tecnologia exigido pelas integradoras, baseado em sistemas automatizados”, diz.

Segundo o economista, as empresas do segmento estão mais exigentes e cobrando uma “régua mais alta” de produtividade e uma melhor taxa de conversão, que é uma medida de produtividade animal que é definida pelo consumo total de ração, dividido pelo seu peso médio. Para tentar se manter no setor, muitos produtores estão se unindo em conglomerados. Trabalhando em forma de condomínios, eles garantem a viabilidade econômica necessária para seguir no negócio. 

“Há uma nova tendência em curso de saída dos pequenos produtores da atividade”, diz. No entanto, ele afirma que o frango de corte continuará sendo protagonista. Ele cita como exemplo a instalação em Apucarana de um grande conjunto de aviários no distrito de Caixa de São Pedro no ano passado. O Investimento foi de R$ 75 milhões e garantiu a Apucarana o status de maior granja fornecedora da JBS no Brasil. Em 2021, Apucarana abateu mais de 20 mil milhões de aves, com movimentação superior a R$ 385 milhões. 

Estado é destaque nacional

Enquanto a avicultura vem sofrendo oscilações no Brasil nos últimos anos, no Paraná o crescimento é constante e se mostra sustentável desde o início da série histórica do IBGE. 

Em números absolutos, a produção de carne de frango no Paraná aumentou de 425.748.204 frangos em 1997 para 2.044.433.779 em 2022. No intervalo de 25 anos da amostragem, houve uma leve retração no número de aves abatidas em apenas duas oportunidades: de 2008 para 2009 e de 2017 para 2018. 

O aumento da produção teve impacto direto também sobre a balança comercial do Paraná, com alta de 31,7% nas exportações de frango em 2022, passando de US$ 2,7 bilhões para US$ 3,6 bilhões em vendas. 

Para o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, o aumento pela procura da carne de frango paranaense ocorreu por fatores externos, como a guerra na Ucrânia e a inflação nacional, mas também por causa da qualidade do produto.

“Temos qualidade reconhecida, tanto no frango in natura como no processado, além de sanidade reconhecida internacionalmente. São vários atributos que nos conferem uma presença importante no mercado externo, levando a carne paranaense para todo o mundo”, ressaltou Ortigara, que integrou uma comitiva paranaense liderada pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior para abertura de novos mercados para a proteína animal no Japão e na Coreia do Sul. (AEN)