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Cultivo de frutas movimenta mais de R$ 43,4 milhões em 2017

Renan Vallim

| Edição de 22 de julho de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A fruticultura gerou em 2017 um montante de mais de R$ 43,4 milhões na região. A uva de mesa é a variedade que se destacou no Valor Bruto de Produção Agrícola (VBP), alavancando Jandaia do Sul como a maior produtora entre os 13 municípios da agência regional da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab), que produziram 34,9 mil toneladas de frutas. De acordo com especialistas, a atividade é rentável especialmente para as pequenas propriedades, favorecendo a diversificação e aumentando a rentabilidade em até 15 vezes.

Imagem ilustrativa da imagem Cultivo de frutas movimenta mais de R$ 43,4 milhões em 2017


De acordo com o último levantamento do VBP, a fruticultura foi responsável por movimentar R$ 43.471.596,74 na região. Mais de um quarto deste valor, cerca de 26,7%, é composto pelo cultivo da uva de mesa. A variedade gerou mais de R$ 11,6 milhões em 2017.
Dentre os cultivos com maiores valores aparece a banana, com um quinto do total do VBP das frutas, ou 20%, com um volume superior a R$ 8,7 milhões. A laranja movimentou mais de R$ 8,1 milhões, ou 18,8% do total. Já o abacate, R$ 7,5 milhões, ou 17,3%.
Em toneladas, a laranja é a fruta com maior volume comercializado, chegando a mais de 12,5 mil toneladas na região. Ela é seguida de perto pela banana, com 11,9 mil toneladas colhidas. O abacate, na terceira posição, ficou com 4,3 mil toneladas.

RENTABILIDADE
Apesar de ter registrado o maior valor financeiro, a uva de mesa é apenas a quarta fruta em volume colhido, com 2,6 mil toneladas, provando a alta rentabilidade do cultivo. Foi isso que fez com que o município de Jandaia do Sul ficasse na liderança do ranking regional, com movimentação de quase R$ 8,7 milhões. Deste total, R$ 8,5 milhões é composto pela variedade em questão, o que equivale a cerca de 73,3% de toda a uva de mesa da região.
Já Novo Itacolomi é líder em volume comercializado. Foram mais de 6,8 mil toneladas de frutas, sendo 6,7 mil apenas de banana, especialidade local. Em segundo está Apucarana, com quase 5,9 mil toneladas, seguida por Arapongas, com 5,3 mil.
Um dos produtores que investiram na fruticultura é Valdinei de Oliveira, de Apucarana. Ele planta maracujá há 14 anos, mas resolveu investir há 2 anos em figo e goiaba, que devem dar os primeiros frutos neste ano. “A fruticultura tem sido muito boa, principalmente porque tenho uma pequena área de cultivo. A expectativa de retorno é muito grande”, conta.
Segundo ele, são ao todo 900 pés de maracujá, 100 de goiaba e 50 de figo, totalizando dois hectares e meio de área plantada. “Para o pequeno produtor, é muito importante. Meu intuito é expandir ainda mais a área no futuro, com novas culturas”, conta.

Variedade é destaque em Apucarana
O principal destaque de Apucarana é a variedade de frutas. Nenhuma cidade cultiva tantas espécies diferentes quando o município: são 12 tipos diferentes. Arapongas e Mauá da Serra são as que mais se aproximam de Apucarana, cada uma cultivando oito tipos diferentes de frutas.
Grande parte desta variedade acontece por causa do programa Terra Forte, da Prefeitura de Apucarana. O secretário municipal de Agricultura, José Luiz Porto, destaca o trabalho realizado. “Os números em Apucarana devem crescer muito nos próximos anos, porque algumas frutas, após plantadas, levam até cinco anos para começar a produzir. No entanto, continuam a frutificar por longos 30 anos, com rendimentos de 10 a 15 vezes maiores do que os da soja e do milho, por exemplo”, diz.
O ‘Terra Forte’ é um programa que fornece subsídios e apoia os pequenos produtores, sobretudo aqueles que fazem parte da agricultura familiar, fornecendo insumos e estrutura. O programa conta hoje com 300 pequenos produtores. Parte da produção retorna para o município como forma de pagamento dos incentivos, indo para a merenda escolar.
“Depois da geada de 2013, que dizimou pés de café na cidade, resolvemos trabalhar junto aos pequenos produtores. Investimos em uma mudança de conceito no campo, com o objetivo de diversificar a produção e incentivar a sucessão rural. É o caminho para as pequenas propriedades na região, que tem terras caras e que precisam dar um bom retorno”, lembra Porto.
Desde o início do projeto, já foram distribuídas mais de 40 mil mudas de 10 espécies diferentes. Neste ano, 2,5 mil mudas de maracujá e outras 2 mil de figo ainda serão distribuídas. Os produtores já enviaram para a merenda escolar cerca de 104 toneladas de frutas.

Cultivo é ‘estratégico’ para Governo
Acreditando na importância da fruticultura, o Governo do Paraná, através da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), tem o cultivo como um dos projetos estratégicos do estado, principalmente no Vale do Ivaí e região. “O Vale do Ivaí tem as condições propícias para o desenvolvimento da fruticultura: solo fértil, muita água, clima ameno, relevo acidentado e posição geográfica privilegiada, com proximidade de mercados consumidores importantes”, destaca Cristovon Videira Ripol, gerente regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) em Apucarana.
Segundo ele, dos 15 técnicos de campo da unidade regional, oito são especializados ou trabalham diretamente com a fruticultura. Mas a empresa quis ampliar ainda mais o suporte aos produtores. Por isso, 44 técnicos passaram por um curso de qualificação na área, que durou um ano e foi finalizado na última sexta-feira (20). “São técnicos de prefeituras, governo do estado e também de empresas privadas, que visitaram várias propriedades de referência em diversas cidades da região, com recursos do Programa Estadual de Apoio ao Pequeno Produtor Rural (Pró Rural)”, conta.
A intenção é tornar a região uma referência no cultivo de frutas. Com este foco, outra iniciativa se destaca. Em abril, técnicos do Paraná Projetos e da Agência Paraná de Desenvolvimento apresentaram um plano de desenvolvimento do Vale do Ivaí, que usa a fruticultura como atração turística. Ainda neste ano, o chamado ‘Circuito das Frutas’ deve ser implantado na região. Ontem, técnicos estiveram visitando propriedades com potencial para integrar o circuito em Apucarana.