Após cinco meses de ameaças a dois juízes e um promotor, do Fórum de Arapongas, duas pessoas foram presas pela Polícia Militar (PM) ontem de manhã durante a Operação Sombra. As intimidações, através de cartas, começaram depois da prisão de quatro pessoas da mesma família ligadas ao tráfico de drogas no município em junho do ano passado. Os presos usavam o nome de uma das maiores organizações criminosas, o PCC, para intimidar os magistrados e o promotor da Vara Criminal da Comarca. Uma terceira pessoa foi presa porque estava com mandado de prisão em aberto.

Foram presos Raíssa Paola Reversso, de 22 anos, Jonathan Felipe de Souza, também de 22 anos, que estavam em liberdade provisória. A jovem é apontada pelas investigações como autora das mensagens. Já Jonathan era o responsável por enviar as cartas. Raíssa Paola já havia sido presa no ano passado durante a Operação Reversso, que ocorreu no início de junho. Na ação de ontem foi preso ainda Fábio Antônio Reversso, de 37, irmão da suspeita, que estava foragido da carceragem da 22ª Subdivisão Policial (SDP), de Arapongas. Ele foi preso em casa durante cumprimento de mandado de busca e apreensão.
No ano passado, Raíssa Paola e Fábio Reversso foram presos juntos com o pai, Antônio do Carmo Reversso, 61, apontado pela investigação como um dos chefes do tráfico de drogas em Arapongas, e com outra irmã, Caroline, 36. Com a família, que morava no Jardim Casa Grande, foi encontrado e R$ 13,3 mil em dinheiro, 300 caixas de cigarro, fruto de contrabando, 14 pinos de cocaína, além de uma Chevrolet/Blazer, um Chevrolet/Vectra, um Chevrolet/Captiva e Honda/Bis.
A família Reversso, que batizou o nome da operação em 2016, era investigada desde setembro de 2015 pelo Serviço de Inteligência (P2) da Polícia Militar, Ministério Público e Judiciário. Ao longo da investigação, 16 pessoas foram presas, e 7 quilos de cocaína e 31 kg de maconha foram apreendidos.
De acordo com o capitão Vilson Laurentino, subcomandante da 7ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM), de Arapongas, após a prisão da família Reversso, através da solicitação do Ministério Público e do Poder Judiciário, uma nova investigação teve início para identificar autores de cartas anônimas com ameaças endereçadas a juízes e ao promotor criminal de Arapongas. “Demos início a investigação em setembro, quando foi enviada a primeira carta. Em novembro, uma nova correspondência foi enviada ao Fórum e a última foi enviada neste mês”, diz.
“Durante a investigação, os policiais conseguiram identificar os suspeitos e também os locais onde postavam as correspondências”, afirma o subcomandante. As cartas anônimas eram postadas nos Correios e tinham como alvo os juízes, inclusive um substituto, e o promotor que estavam cuidando do caso dos presos da Operação Reversso.
INVESTIGAÇÃO
A polícia não quis detalhar o teor das ameaças aos magistrados e ao promotor, mas confirmou que as cartas foram escritas em próprio punho.
No relatório do Serviço de Inteligência, foi feita a análise da escrita. Imagens coletadas nas agências dos Correios onde as cartas foram postadas, além de outras informações, que foram avaliadas pelo Ministério Público, também foram anexadas à investigação.
MP apura participação de advogado
A Polícia Militar, em parceria com o Ministério Público e Poder Judiciário, prossegue com as investigações com a finalidade de identificar se há outros envolvidos nas ameaças, uma vez que a escrita, analisada nas cartas, aponta a participação de mais pessoas.
Entre os envolvidos, segundo o MP, através da assessoria de imprensa, estaria um advogado, que é apontado como informante dos suspeitos. O nome do advogado é mencionado em uma das cartas, conforme afirma a Promotoria.
O MP considera as intimidações graves, além de configurar crime de coação.
O presidente da Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar), Frederico Mendes Júnior, avalia a situação como triste e reconhece que magistrados sofrem ameaças. “No Paraná são sete magistrados que possuem segurança pessoal e escolta em razão de ameaças. Quando ocorre um fato como este, colocamos toda a sua estrutura jurídica à disposição e gestionamos junto aos órgãos de segurança pública”, diz.