Neste mês o serviço de escuta especializada completou um ano de atividades em Apucarana. Foram atendidos mais de 180 crianças e adolescentes vítimas de algum tipo de violência, no período, uma média de 15 por mês. O principal objetivo desse trabalho é proteger, cuidar e acompanhar vítimas e testemunhas de violência possibilitando a superação do trauma.
Segundo a presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes (CMDCA), Ana Maria Shmidt, o procedimento é feito em um local acolhedor e que garante a privacidade tanto do profissional quanto da vítima, respeitando o tempo, espaço e até o desejo de permanecer em silêncio da criança e adolescente. “Em nenhum momento a vítima tem contato com o acusado ou pessoa que represente algum tipo de ameaça”, afirma.
Quatro profissionais capacitados são responsáveis pelo atendimento das vítimas sendo dois psicólogos, um assistente social e uma psicopedagoga. Por meio desses profissionais as vítimas de violência contam a história apenas uma vez e em um ambiente protegido e acolhedor. Esse procedimento evita que as crianças e adolescentes precisem reviver a violência ao recontá-la inúmeras vezes, a diferentes profissionais, nem sempre preparados, gerando ainda mais dor e sofrimento. “É um processo que garante a não-revitimização”, destaca A secretária municipal de Assistência Social, Ana Paula Nazarko
VIOLÊNCIA SEXUAL
Neste primeiro ano de escuta foram realizados 184 atendimentos. O número faz referência aos encaminhamentos do conselho tutelar para a escuta, ou seja, são casos suspeitos de violação de direitos. Psicólogo Yuri Bruniera Padula faz parte da equipe que presta o serviço afirma que a maior parte dos casos atendidos envolve violência sexual.
“Violência sexual é o maior número. Porém, em muitos casos ocorre o cruzamento de diferentes tipos de violência. Para fins de estatísticas, destacamos aquela que mobilizou a denúncia”, afirma.
O Conselho Tutelar é o órgão responsável por encaminhar os casos à escuta especializada. E é para onde os relatórios das escutas são encaminhados. “A partir do relatório, o conselho define as medidas de proteção que vai aplicar e como vai dar encaminhamento ao caso”, afirma.
Neste ano a Delegacia da Mulher de Apucarana registrou 66 crimes sexuais, sendo que mais da metade (62%) diz respeito a estupro de vulnerável. Conforme a legislação brasileira, esse tipo de crime sexual é caracterizado quando a vítima tem menos de 14 anos. Neste ano foram 41 crimes do tipo.