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‘Guerra do tráfico’ motivou execução em posto de gasolina, diz Polícia Civil

Fernando Klein

| Edição de 24 de janeiro de 2023 | Atualizado em 24 de janeiro de 2023
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Apucarana pode estar diante de uma “guerra do tráfico”. A afirmação é do delegado-chefe da 17ª Subdivisão Policial (SDP), Marcus Felipe da Rocha Rodrigues, ao comentar a execução de um homem ocorrida no último sábado (21) em um posto de combustíveis nas proximidades do Estádio Olímpio Barreto, na Vila Nova. É a terceira execução do tipo registrada desde o começo do ano passado na cidade  e os casos podem ter relação (ver box).

A violência empregada no crime do último sábado chocou a população. Câmeras de segurança registraram o momento em que um homem, identificado como Fidelso Rodrigues dos Santos Neto, de 30 anos, estaciona com a caminhonete Toyota Hilux para abastecer, quando pelo menos cinco homens armados chegam em um VW Jetta, com placas de Cascavel (PR) e começam a atirar. A polícia confirmou que os atiradores portavam escopeta e fuzil. A execução ocorreu no final da tarde na frente de inúmeros clientes e funcionários do posto de combustível. Houve correria, mas nenhuma outra pessoa foi atingida com gravidade. Estilhaços atingiram três carros e uma criança atingida de raspão foi atendida pelo Samu e liberada no local.

Segundo o delegado, a vítima era investigada por envolvimento com o tráfico de drogas. “Essa disputa por pontos de drogas gera muita preocupação em Apucarana, principalmente pela forma como esses crimes estão sendo praticados, colocando em risco pessoas inocentes. A polícia está trabalhando para elucidar essas execuções”, afirma o delegado.

Ele esteve no local do homicídio no sábado, acompanhando a perícia. Marcus Felipe chama atenção para a violência empregada. “Foram encontrados no local cartuchos de armas longas, como calibre 12, e calibre 556, de fuzil”, assinala. O delegado afirma ainda que a vítima recebeu inúmeros tiros no corpo e também no rosto.

Marcus Felipe diz que a polícia trabalha agora na busca de imagens de mais câmeras de segurança e depoimentos. No entanto, admite que é uma investigação complexa, porque a principal suspeita é de que os assassinatos tenham sido cometidos por criminosos contratados de outras cidades e as testemunhas ou familiares não colaboram com as investigações por medo de represálias.

O delegado não descarta a possibilidade de mais vítimas nessa “guerra do tráfico”, mas assinala que as polícias – tanto a Civil quanto a Militar – estão trabalhando para tentar combater esse problema na segurança da cidade.

Segundo Marcus Felipe, a brutalidade empregada pelos bandidos é um sintoma preocupante para a situação em Apucarana. “A força do tráfico a gente mede pela violência utilizada”, diz. O delegado afirma que ainda não é possível relacionar a apreensão de quase uma tonelada de drogas, feita pela Polícia Militar (PM) na última sexta-feira (20), com esses grupos. “Vamos investigar”, disse.

Três crimes podem estar interligados

O delegado Marcus Felipe afirma que a onda de violência entre grupos que disputam pontos de vendas de drogas em Apucarana pode ter começado com a morte de Júlio César de Oliveira, de 39 anos, conhecido como Cesinha, em março de 2022. Ele foi executado a tiros em uma conveniência na Avenida Aviação, no Jardim Colonial, por quatro atiradores. Na ocasião um homem de 34 anos, que estava no local e não tinha relação com Cesinha, também foi atingido e morreu a caminho do hospital e outras três pessoas ficaram feridas. O crime aconteceu em um domingo à tarde.

O segundo crime de repercussão ocorreu em dezembro do ano passado, quando Vanildo Augusto da Silva, mais conhecido como Jacaré, de 36 anos, foi atingido por vários tiros em uma lanchonete do Jardim Ponta Grossa. Pelo menos cinco atiradores agiram no crime.

Esses dois casos, segundo a Polícia Civil, foram execuções e podem ter relação, segundo as investigações feitas até agora, com o caso registrado no último sábado.