O Ministério Público (MP) ofereceu denúncia nesta semana contra uma mulher que tentou matar o filho de 4 anos, em Apucarana. A Promotoria Criminal acusa Sirlene de Carvalho, 31 anos, por fazer o menino a ingerir raticida para se vingar do ex-companheiro e pai da criança. O fato aconteceu em maio do ano passado, na casa da família, no Jardim Franco, mas veio à tona nesta semana após a Polícia Civil concluir o inquérito. Em outro procedimento, a polícia investiga denúncia de maus tratos contra um bebê de apenas 5 meses.
Conforme o MP, Sirlene se trancou com a criança dentro do banheiro e a obrigou a ingerir veneno de rato (chumbinho) misturado com uma bebida, depois também tomou o líquido, na tentativa de cometer suicídio. Terceiros conseguiram intervir e fizeram a criança vomitar e, após tratamento, mãe e filho sobreviveram.
O promotor criminal Evandro Dell Agnelo, informa que Sirlene chegou a confessar o crime à polícia. Segundo ele, a acusada pretendia se vingar do pai da criança, com quem havia rompido relacionamento e alegou que o rapaz não dava atenção ao menino e nem pagava pensão. O MP apurou que no dia do crime ela enviou uma mensagem com os dizeres: 'acabei de dar veneno para o seu filho. Agora é tarde demais'.
“Antes não havia materialidade do crime praticado pela mulher em relação ao envenenamento, somente o relato das testemunhas e a mensagem. No entanto, a perícia constatou que a criança realmente ingeriu veneno de rato. A suspeita acabou sendo comprovada no fim da investigação”, assinala o promotor.
O MP acusa Sirlene por tentativa de homicídio triplamente qualificado e vai recorrer ao Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) em busca da prisão preventiva. "O Ministério Público entende que se trata de um crime gravíssimo e pediu a prisão preventiva da ré, contudo, o juiz que apreciou o pedido entendeu que, mesmo em um caso como este, a denunciada deve responder em liberdade. A sociedade reclama por Justiça e deixar essa mãe em liberdade é uma grave impunidade", assinala.
A tentativa de homicídio remete a outro caso trágico de grande repercussão ocorrido há mais de 10 anos em Apucarana. Em outubro de 2004, o garoto Gustavo Henrique Vogler Ribeiro, 4 anos, morreu em consequência da ingestão de achocolatado misturado com raticida. Siumara de Castro Santana confessou a autoria e alegou ter sido motivada por vingança, porque mantinha um relacionamento extraconjugal com o pai do menino. Siumara foi condenada a 36 anos de prisão.
MAUS TRATOS
A Polícia Civil apura uma denúncia de violência contra um bebê, uma menina, de apenas cinco meses, em Apucarana. A mãe está presa por furto e deixou a criança sob os cuidados da avó. O caso chegou até ao Conselho Tutelar por meio de uma pessoa que teria encontrado o bebê no chão, junto com cachorros, enrolado em um tapete e com muitos hematomas espalhados pelo corpo.
O bebê foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para constatar o que aconteceu. No entanto, a polícia acredita que as lesões foram ocasionadas por conduta humana.
Segundo o promotor da Infância e Juventude, Gustavo Marinho, a maior parte das denúncias que chegam até o MP envolvem negligência e abandono. “Geralmente os maus tratos envolvem pais ou responsáveis dependentes químicos que acabam descuidando da própria saúde e, consequentemente, dos filhos”, analisa.