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Mulher é suspeita de usar falso laudo de câncer para aplicar golpe

Vanuza Borges

| Edição de 05 de novembro de 2016 | Atualizado em 02 de dezembro de 2016

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Uma doença grave e falta de condições financeiras para o tratamento. Com esses argumentos, uma mulher de 30 anos conseguiu arrecadar mais de R$ 18 mil somente em uma campanha. Contudo, segundo a Polícia Civil, a doença de Narileine Aguiar Miranda era um golpe que enganou centenas de pessoas nos últimos anos em Apucarana. As ações solidárias a favor da suspeita ocorrem há mais de dois anos, mas há indícios que a jovem já tenha feito campanhas anteriormente. A investigação teve início após denúncias de pessoas que ajudaram a jovem desconfiar da história. Narileine foi indiciada por estelionato qualificado e agora terá que provar à Polícia Civil que o diagnóstico de leucemia era verdadeiro.]

Imagem ilustrativa da imagem Mulher é suspeita de usar falso laudo de câncer para aplicar golpe

As denúncias foram feitas no início de outubro por pessoas que trabalharam na organização da mais recente campanha, uma macarronada beneficente, que reuniu mais de 500 pessoas no final de setembro em um clube da cidade. O convite foi vendido a R$ 20. Após a realização do evento solidário, Narileine usaria o valor arrecadado para viajar para São Paulo, onde faria uma cirurgia no Hospital Israelita Albert Einstein. Porém, ao retornar, a jovem não apresentava sinais comuns de quem passou por qualquer intervenção cirúrgica ou quimioterapia, o que levantou suspeitos.

Segundo o delegado-chefe da 17ª Subdivisão Policial (SDP), José Aparecido Jacovós, entre , entre os dias 26 a 29 de setembro, data do suposto tratamento no Albert Einstein, há registro que ela estaria hospedada num dos hotéis da rede Bristol, em Curitiba. Inclusive, o retorno teria ocorrido numa aeronave do Grupamento Aeropolicial - Resgate Aéreo (Graer), unidade onde o marido dela trabalha como tripulante.

De acordo com o delegado, ele também será ouvido no caso na próxima semana. A assessoria da PM informou que o Batalhão de Operações Policiais Aéreas (BPMOA) abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar o fato e, se for comprovado algum desvio de conduta por parte do policial, ele será responsabilizado.

“Após as denúncias, ouvimos Narileine e encaminhamos para exames no Instituto Médico legal (IML). Para o médico do IML, ela apresentou uma outra versão. Que não poderia falar sobre o caso porque seria ‘cobaia’ de um tratamento com células tronco, o que é muito estranho”, avalia.

Ainda de acordo com Jacovós, o caso é tratado como estelionato. “Vamos levantar a extensão dos danos causadas por ela. E não descartamos pedir a prisão preventiva, porque ela está brincando com a boa intenção das pessoas”, afirma.

Além disso, a Polícia Civil vai fazer um levantamento dos bens adquiridos recentemente e vai pedir o bloqueio dos mesmos, para que as pessoas lesadas possam ser restituídas. A Tribuna entrou em contato com a assessoria do Hospital Albert Einstein, mas até o final da tarde de ontem não retornou à solicitação.

O advogado de Narileine, Rodolfo Moreira dos Santos disse que vai se manifestar somente nos autos do processo, mas que sua cliente está colaborando com as investigações e nega as acusações.

Vítima alega que ajudou de boa fé

As campanhas em prol da saúde de Narileine Aguiar Miranda, 30 anos, ganharam espaço nas redes sociais e em vários meios de comunicação na cidade. Ela inclusive foi tema de reportagem especial na Tribuna, na revista Uau! sobre mulheres que superaram desafios. Na reportagem, ela contou que em 2014 foi diagnosticada com leucemia. Nessa época, ela teria dado início ao tratamento também com dinheiro de campanhas.

A estudante de Direito, Anna Cláudia Albuquerque, 22 anos, foi uma das pessoas que ajudaram. “Eu a conheci num período que estava fazendo o diagnóstico de suspeita de câncer. Tinha vários nódulos no pescoço, que precisei tirar, mas não era um linfoma. Nessa época, eu ajudei a vender cartões de pão de queijo. Passado um tempo, entrou em contato comigo e pediu ajuda para vender rifas”, diz.

Segundo a estudante, neste ano, a jovem entrou em contato novamente pedindo ajuda e elas resolveram promover a macarronada. “As pessoas começaram a vir até a mim falar que ela não estava doente. Então, comecei a ligar nos hospitais que ela me disse ter ficado internada e não encontrei nada. É muito triste, porque pessoas que realmente precisam serão prejudicadas”, avalia.