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Mutirão vai liberar presos de Ivaiporã

Ivan Maldonado

| Edição de 14 de janeiro de 2016 | Atualizado em 02 de dezembro de 2016

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A superlotação na cadeia da 54ª Delegacia Regional da Polícia (DRP) preocupa moradores de Ivaiporã que temem uma nova rebelião. Em menos de seis anos ocorrem duas rebeliões por conta da superlotação e o clima anda tenso na cadeia nos últimos dias. A carceragem é antiga - foi construída na década de 1980 - com capacidade para no máximo 40 internos e se encontra com 140 detidos. Para amenizar a superlotação, a Promotoria Criminal vai encabeçar um mutirão judicial para liberar detentos.

Imagem ilustrativa da imagem Mutirão vai liberar presos de Ivaiporã

O promotor criminal Cleverson Leonardo Tozatti disse que há mais de um ano a Justiça da Comarca junto com o Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) e lideranças políticas encaminham ofícios para a Secretaria de Estado Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp) solicitando a transferência de cerca 50 detentos condenados que já deveriam ter sido transferido para penitenciarias.

“Nesse tempo também fomos em Curitiba, conversamos e recebemos promessas. Porém, só ficou na promessa e de fato foram apenas uns seis transferidos” diz Tozatti.

Por conta disso e para tentar amenizar a situação, uma das medidas a ser tomada pela Justiça para os próximos dias será uma vistoria na 54ª DRP e mutirão para a liberação de detentos de crimes com penas mais leves ou que possam ser beneficiados com penas alternativas. “Estamos com as duas equipes das promotorias trabalhando com o decreto do indulto sancionado no fim do ano e até a semana que vem teremos um diagnóstico. Nós não vamos segurar ninguém que possa ser contemplado com o decreto ou pela lei de execução penal”, assinala Tozatti. Ele acredita que de 20 a 30 detentos devem ser beneficiados.

Para o morador Jayme Ayres que mora a cerca de 200 metros da Delegacia e viu de perto as duas rebeliões, a situação é preocupante. “Na época foi muito tiro e ficamos muito assustados. Carros e moradores ficaram em meio ao fogo cruzado”. Outra preocupação de Ayres é que a região da 54ª DRP é cercada por escolas. “São duas faculdades e dois colégios estaduais e aqui é um trajeto constante dos alunos”, comenta Ayres.

Na última rebelião, em 2013, um agente ficou 16 horas como refém e foi necessário o apoio de 121 policiais no trabalho de contenção.

Para o vizinho Celso Rodrigues, a aparente tranquilidade nos arredores da cadeia pública não condiz com a realidade. Para ele, cada noite de suspeita de fuga e rebelião é uma noite de sono perdido. “Já passamos muitas noites em claro. Principalmente nos últimos anos quando a cadeia passou a ficar superlotada”, relata Rodrigues.

Conseg denuncia falta de agentes

Familiares dos presos também estão preocupados com a segurança dos detentos e reclamam das péssimas condições da carceragem. “Lá dentro não tem mais espaço, para dormir eles montam as redes no teto do corredor e usam o solário. Só que nesses dias de chuva não tem como ficar no solário e eles passam a noite acordados. Meu medo é que no meio dessa tensão a coisa fique feia”, comenta Claudineia Brandino Jordão, esposa de um interno.

A situação é tensa na cadeia desde o feriado de Réveillon, quando uma tentativa de fuga foi frustrada. Na mesma época, a polícia desmantelou um esquema que levava drogas e celulares para dentro da cadeia. No final de semana, uma tentativa de rebelião foi contornada pelos policiais.

O presidente do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg), Jair Burato também reclama do número de agentes do Depen que cuidam da carceragem. “Há dois anos tínhamos 13 agentes, neste tempo aumentou o número de presos e os agentes sumiram. No momento temos apenas quatro trabalhando”.

Para Burato, a melhor solução para Ivaiporã e região seria a construção de uma nova carceragem. Ele lembra que a Prefeitura até já colocou um terreno à disposição da Sesp. “Isso é uma reivindicação de mais de 20 anos. Inclusive, havia projetos e recursos reservados para a construção de um novo mini presidio. Mas, em 2011, não sei por qual motivo a construção foi cancelada pelo Governo do Estado”, destaca Burato.