Passada a chuva, os produtores rurais começam a contabilizar os prejuízos nas lavouras da região. Culturas mais frágeis e sensíveis às mudanças climáticas, como as hortaliças, são as mais prejudicadas. Lavouras de soja também foram prejudicadas, dando prejuízo aos produtores e afetando os preços dos produtos.
O agricultor Edmilson Almendro Rodrigues conta que praticamente nenhuma cultura ficou sem ser afetada pelas chuvas. “Tudo está sendo perdido. Plantamos principalmente alface e, como toda hortaliça, ela é bastante afetada pelos eventos climáticos. É difícil fazer uma previsão do quanto foi perdido mas, com certeza, é mais de 50%”.
Mesmo as plantas que poderão ser vendidas não se salvaram totalmente. “Os pés de hortaliças que não foram perdidos estão muito ruins. Agora o jeito é colher o que dá, esperar o tempo ficar firme e começar a plantar de novo”, diz Edmilson.
O também horticultor Nélio Jonas da Silva teve prejuízos, mas de outra maneira. Por conta das chuvas, ficou impossível plantar. “Não tive danos à lavoura porque nada estava plantado. Mas, em compensação, não consegui produzir nada. É uma situação bem complicada”, afirma.
De acordo com o administrador e técnico do Departamento de Economia Rural (Deral) de Apucarana, Adriano Nunomura, várias culturas foram prejudicadas.
“As hortaliças foram as mais prejudicadas pelo excesso de chuvas. O produtor, que já vinha sofrendo com o excesso de chuvas desde o mês de novembro do ano passado, teve a produção reduzida e a qualidade prejudicada pelas doenças causadas pelo excesso de umidade, além no aumento nos custos com o aumento de aplicações de agrotóxicos. Com isso, o consumidor pode esperar um aumento nos preços”.
Lavouras de soja também foram afetadas. “Devido ao solo encharcado, os produtores não conseguem entrar com as máquinas nas lavouras para a aplicação de defensivos agrícolas nas lavouras. Com isso, a preocupação no momento é em relação ao aumento de focos de ferrugem asiática nas lavouras”, ressalta Nunomura.
Excesso de chuvas pode prejudicar colheita da soja
O excesso de chuvas nos últimos dias vem prejudicando a colheita da soja, que começou há duas semanas no Paraná. Técnicos da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento estão em campo para levantar a situação das lavouras. A principal preocupação é que as chuvas possam comprometer a qualidade do grão e adiar o plantio do milho safrinha, que começa a ser semeado assim que a soja é colhida.
De acordo com o chefe da conjuntura do Deral (Departamento de Economia Rural), Marcelo Garrido, ainda é cedo para avaliar os efeitos das chuvas, mas elas impedem que os produtores entrem nas lavouras para fazer a colheita e aplicar defensivos necessários para o controle de doenças que aparecem com o excesso de umidade. “Com isso, pode haver uma perda da qualidade do grão, com o produtor recebendo menos pela produção. Mas, comparativamente, a seca costuma ser mais nociva para a soja do que a chuva” diz.
A previsão do Deral é que o Paraná colha 18 milhões de toneladas de soja nessa safra. As regiões Sudoeste e Oeste são as primeiras a iniciar a colheita da soja, seguida pela região Norte do Estado, atualmente uma das mais atingidas pelas chuvas. O auge da colheita no Paraná ocorre entre a última semana de janeiro e as primeiras semanas de fevereiro. Mas, nos últimos anos, devido ao uso de cultivares precoces, a colheita tem começado mais cedo.