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Tensão na cadeia de Arapongas

Da Redação

| Edição de 31 de outubro de 2015 | Atualizado em 02 de dezembro de 2016

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Com um princípio de motim e uma tentativa de fuga registrados em um intervalo de cerca de 12 horas, o clima ontem foi de tensão na Cadeia Pública de Arapongas. Os conflitos na unidade prisional, que soma vários incidentes nos últimos meses, começaram no início da noite de anteontem, após uma operação de rotina de vistoria. A carceragem, cuja capacidade é para 38 pessoas, mantem 145 detentos masculinos. Na tarde de ontem, o confronto foi para o lado de fora da cadeia, após familiares dos presos atearem fogo em entulho e lixo em frente a unidade para protestar contra falta de informações e o tratamento dado aos detentos.

Imagem ilustrativa da imagem Tensão na cadeia de Arapongas

Segundo informações da Polícia Civil, o clima é tenso na cadeia desde a noite de anteontem, após uma vistoria de rotina que apreendeu cinco celulares, estoques e pequenas quantidades de drogas. A confusão começou depois que os presos foram recolocados nas celas e perceberam que ventiladores, televisores e sacolas com pertences haviam sido confiscados. Houve um princípio de motim e uma das portas das celas foi arrancada pelos detentos.

Os presos foram contidos, mas ontem pela manhã os agentes flagraram uma tentativa de fuga. Os detentos já tinham aberto um buraco nas grades do solário quando a polícia interviu. Com risco de confronto, equipes da Rotam cercaram a delegacia – o trânsito chegou a ser interditado na quadra da unidade, na rua Uirapuru - para conter os ânimos e o diretor da unidade, delegado Marcelo Sakuma negociou com os presos.

Do lado de fora da cadeia, a situação se complicou por volta das 16 horas de ontem. Familiares dos detentos, principalmente mulheres, que se concentraram em frente à unidade em busca de informações atearam fogo em entulho e lixo para chamar atenção das autoridades. “Jogaram os cachorros encima da gente”, denuncia uma das manifestantes, Daniele Mathias, 32 anos, que tem um irmão preso há um mês na unidade.

Imagem ilustrativa da imagem Tensão na cadeia de Arapongas

Segundo ela, a situação na cadeia é caótica. “Além da superlotação, eles judiam dos presos. Tiraram deles roupas, colchões e até comida. Estava tudo no lixo da cadeia e as mulheres se revoltaram e colocaram fogo”, comenta a manifestante que afirma que há relatos que os presos teriam sido agredidos.

No final da tarde de ontem, o delegado Marcelo Sakuma afirmou que a situação estava sob controle. Segundo ele, nenhum preso se feriu ou precisou de atendimento médico. Ele afirmou que a tensão é normal após as vistorias, mas que os presos entraram em um acordo para evitar novos confrontos. A polícia vem intensificando as operações na unidade para evitar novas fugas.

HISTÓRICO

Por conta da superlotação crônica, a cadeia de Arapongas tem um longo registro de incidentes. Desde setembro, já foram registradas duas fugas, várias tentativas e a polícia interceptou pelo menos quatro entregas de drogas e celulares na unidade. A construção de uma nova cadeia vem sendo fortemente reivindicada pelas lideranças locais e pelo prefeito Antônio José Beffa. A administração pressiona o governo do Estado para liberação do projeto já aprovado da nova cadeia, que tem capacidade para 100 vagas e cujo terreno já foi doado pelo município ao governo do estado.