Há uma epidemia discreta minando o discernimento das pessoas mais inteligentes que conheço. Não se espalha pelo ar — mas pelas telas. E não se percebe à primeira vista, porque o prejuízo que causa não grita: ele vai desgastando a mente, pouco a pouco, até comprometer decisões simples e escolhas complexas.
Vivemos sob o domínio da atenção fragmentada, consequência direta do bombardeio digital ininterrupto. Poucos se dão conta, mas isso está corroendo a capacidade de focar, refletir e agir com clareza. Em vez de atenção estável e profunda, o que predomina é a atenção cinética — uma pressa mental que nos arrasta de estímulo em estímulo, sem digestão alguma.
Essa dança frenética tem efeitos sérios: cansaço mental acumulado, sensação de improdutividade constante, e uma exaustão que nem o sono resolve. A atenção virou ativo disputado por plataformas e algoritmos que a capturam com feeds infinitos, notificações e recompensas instáveis. Resultado? Uma geração ansiosa, inquieta e mentalmente esgotada.
E o drama é ainda maior entre os que precisam decidir com lucidez. Imagine tentar planejar um orçamento, avaliar uma estratégia ou refletir sobre uma contratação sendo interrompido a cada poucos minutos.
O preço do foco perdido é alto. Mas há solução. A atenção, antes natural, agora exige cultivo intencional. Foco é uma capacidade treinável – é uma habilidade esquecida que pode ser recuperada com pequenas mudanças de rotina, disciplina e atenção a hábitos nocivos.
Aprender a proteger a própria atenção como se protege um bem raro, isto é: desligar notificações do celular e do computador, estabelecer limites digitais, criar períodos de silêncio e priorizar o que realmente importa, é o remédio.
Prosperar, hoje, começa por retomar o comando da própria mente.