A vida parece seguir uma lógica silenciosa, mas implacável: a da reciprocidade. Medida por medida, aquilo que se oferece ao mundo retorna — às vezes de forma direta, às vezes de maneira sutil, mas sempre proporcional.
O que nem sempre se percebe é que essa dinâmica não atua apenas entre pessoas. Ela também opera internamente. A maneira como alguém se trata, se respeita, se escuta ou se abandona acaba moldando os próprios resultados, escolhas e relações. Reciprocidade, portanto, não é apenas social. É pessoal. Começa por dentro.
Muitos, ao olhar para trás, percebem que, com mais consciência, os gestos de atenção, afeto e presença com pais, familiares ou amigos teriam sido mais frequentes. Talvez algumas dores pudessem ter sido evitadas. No entanto, esse tipo de arrependimento, quando verdadeiro, não é castigo nem pena. É sinal de que a consciência acordou. E isso, por si só, já é um privilégio, um mérito.
Costuma-se repetir que “o universo devolve o que se dá”. Mas essa frase só faz sentido quando deixa de ser poesia e passa a ser prática. Reconhecer isso muda o jeito de viver.
A grandeza não está em jamais errar, mas em escolher agir diferente depois de compreender o que faltou e corrigir as causas que geraram aqueles erros. A partir daí, cada gesto se torna mais inteiro. É uma verdadeira “cura da alma”. Porque quando a ação nasce de um coração desperto, nasce também um novo ciclo.
E com ele, uma vida mais verdadeira, mais presente e finalmente mais fecunda.
Creio com fé completa que este é o grande propósito da vida.